Belo Horizonte, domingo 07 de maio de 2023
☼ 14° – 27°
Dia do silêncio, esse impossível. Dia Mundial do Riso, que peculiar… Neste dia, em 1824 Estreia a Nona Sinfonia de Beethoven em Viena, Áustria. Em 1832, a Grécia se torna independente. Em 1948 foi fundada a Viação Cometa, uma tradicional empresa brasileira de ônibus rodoviários, que carregou a mim e ao marido por vários meses quando namorávamos. Em 2010 a revista Science publica o genoma do Neandertal, com provas de cruzamento do homem de Neandertal com humanos. Em 1945 a Alemanha se rende e termina sua participação na Segunda Guerra Mundial, infelizmente, tarde demais. Em 1840 nasce Tchaikovsky, em 1919 Eva Perón. Em 1941 morre James Frazer e em 1990 o mundo fica mais barulhento quando Elizeth Cardoso nos deixa.
“Não sou Pasolini pedindo explicações
Não sou Ginsberg expulso de Cuba
Não sou uma bicha fantasiada de poeta
Não preciso de fantasia
Aqui está minha cara
Falo pela minha diferença
Defendo o que sou
E não sou tão estranho
Me aborrece a injustiça
E suspeito desta lenga-lenga democrática
Mas não me fale do proletariado
Porque ser viado e pobre é pior
Tem de ser ácido para suportar
É dar a volta nos machões da esquina
É um pai que te odeia
Porque o filho desmunheca
É ter uma mãe com as mãos rachadas pela água sanitária
Envelhecidas de limpeza
Embalando-te no colo quando doente “
♣
Pedro Lemebel – Manifesto (Falo por minha diferença).
Leiam todo, porque é maravilhoso
Em 7 de maio de 1948 escrevia Jack Kerouac em seu diário:
Escrevi uma sequência do capítulo. São os últimos 50 metros até o pico de um Everest inescalável, e eu começo a subir exultante, um pouco temeroso, quase indefeso. Algo sobre o suspense do último ato, o dissabor da perda de esperanças final e irremediável. Que coisas engraçadas um homem descobre sobre si mesmo quando escreve. Escrever é uma explosão de interesse, não é algo que é feito aos poucos e solenemente, e as explosões de interesse interrompem a si mesmas com um sorriso estudado de expectativa. Tudo isso. Escrevi centenas de palavras devagar, muito devagar.
Jack Kerouac – Diários de Jack Kerouac 1947-1954 – Ed. LPM
![]() |
Oráculos da Semana
Essa semana iluminada! Que maravilha, nos chega o Sol. O mais cultuado Deus da existência e das civilizações. Vem encher de luz e razão nossa semana. Vem trazer boas notícias, conclusões favoráveis, clareza e beleza. O sol é um conjunto de boas notícias e alegria. Quando ele aparece em geral é prenuncio de um período muito alegre. Se estamos em uma fase difícil ele representa o fim da angústia. Uma temporada feliz se aproxima.
Essa carta também representa aquele momento “eureca” que às vezes aparece. Um insight necessário, uma percepção que muda o rumo das coisas. Uma ideia que revoluciona a vida, seja em grande ou pequena escala. É bom ficar atento aos próprios pensamentos nesta semana. Alguma ideia maravilhosa pode surgir do nada. Algum aspecto nebuloso pode ficar esclarecido. Algo que estava oculto ou difícil de ser entendido de repente fica claro. Tudo isso é maravilhoso e muito bem-vindo. E para completar, saiu o hexagrama 35 do I Ching, prenúncio de puro sucesso. Vamos aproveitar pra dissipar toda dor da semana passada e colher sucesso, gente!
Mas é uma outra faceta do Sol que vai estar em alta essa semana. O Sol é uma carta que favorece o Eu. É uma carta que diz sobre a coragem de ser quem você é.
Eu sempre tive um certo desprezo por essa frase. Eu sempre que ouvia torcia o nariz e pensava, mas quem mais eu seria além de eu mesma, cara pálida? Nunca tive paciência com isso, achava clichê, frase pronta, sem sentido, daquelas que sempre te deixam no mesmo lugar. Até que comecei a acompanhar uma pessoa amada tendo que lutar pra poder ser quem ela realmente é, no seu íntimo. Até ter que ver alguém querido ter o direito de ser quem é negado pelo nosso mundo, que pode ser tão podre. Aí eu entendi melhor o que significa essa frase batida, esse conceito, esse conselho tão pisados que muitas vezes nem quer dizer nada. Ver um ser tão pequeno lutando com tanta força pra ter o direito de ser o seu próprio eu me tirou de algum lugar. Aí entendi que nem sempre é possível ser o que se é. E percebi que às vezes a gente nega a si mesmo esse direito em nome de tanta convenção.
Não vou ficar esticando demais isso, só quero dizer que esse é um bom momento para refletir sobre isso. Você é realmente quem é? Seus papéis, obrigações e convenções não estão sufocando sua essência? Se não estão, que ótimo, você é uma pessoa de muita sorte. Mas sabe que nem sempre é assim? Se algo em você não está sendo pleno por algum motivo convencional, essa semana apresenta um momento muito favorável para você pensar sobre isso. Nem sempre vai ser possível resolver essa questão, mas autoconhecimento é bom.
É um momento maravilhoso para você querer ser mais livre, mais completo. Aproveite quando o sol bater na janela do seu quarto.
Boa semana.
Quando a carta do Sol aparece em uma leitura, é um sinal de que as coisas estão melhorando. Ela representa um momento de crescimento e expansão, e indica que você está no caminho certo. A carta do Sol é um lembrete de que você tem o poder de criar sua própria realidade e que tem a capacidade de superar qualquer obstáculo que apareça em seu caminho.
Uma das principais mensagens da carta do Sol é manter-se positivo e otimista. Esta carta encoraja você a se concentrar no que há de bom em sua vida e a deixar de lado qualquer negatividade ou questionamento. Quando você abraça a energia da carta do Sol, descobrirá que sua vida se torna mais abundante e satisfatória.
A carta do Sol também é um lembrete para ser verdadeiro consigo mesmo. Ela encoraja você a seguir seu coração e perseguir suas paixões, mesmo que pareçam incomuns ou arriscadas. Esta carta é um símbolo de autenticidade e autoexpressão, e nos lembra que todos somos únicos e especiais à nossa maneira.
Em muitos baralhos de Tarot, a carta do Sol apresenta uma criança montada em um cavalo ou carruagem, segurando uma bandeira. Essa imagem representa a inocência e pureza da infância, bem como a coragem e determinação necessárias para ter sucesso na vida. A criança na carta do Sol é um símbolo de nossa criança interior e nos lembra de abraçar nosso senso de maravilha e brincadeira.
Em geral, a carta do Sol é um símbolo poderoso e positivo. Ela fala sobre esperança, felicidade e sucesso, e nos encoraja a permanecer positivos e verdadeiros a nosso próprio respeito. Quando essa carta aparece em uma leitura, é um sinal de que coisas boas estão por vir e que temos o poder de criar a vida que desejamos. Então, abrace a energia da carta do Sol e deixe seu calor e luz guiá-lo em sua jornada.
35 – Jin O hexagrama 35 do I Ching representa o progresso que surge da união do fogo e da terra. O fogo ilumina e aquece a terra, trazendo vida e fertilidade. O progresso é fruto da harmonia entre o céu e a terra, entre o princípio ativo e o receptivo, entre o yang e o yin. O progresso não é um fim em si mesmo, mas um ciclo que se renova a cada dia. O sol nasce e se põe, mas volta a brilhar no dia seguinte. Assim, o progresso requer perseverança, humildade e adaptação às mudanças. Não se deve apegar aos resultados imediatos, mas sim à capacidade de se reinventar. O progresso também é uma recompensa pelo mérito e pelo serviço altruísta. Quem age com nobreza e generosidade recebe o reconhecimento e o apoio dos outros. Quem se dedica a uma causa maior recebe a bênção dos ancestrais. Quem segue o caminho correto obtém êxito. ♣ IChing |
Texto para a semana com dois sóis
Não penses. Que raio de mania essa de estares sempre a querer pensar. Pensar é trocar uma flor por um silogismo, um vivo por um morto. Pensar é não ver. Olha apenas, vê. Está um dia enorme de sol. Talvez que de noite, acabou-se, como diz o filósofo da ave de Minerva. Mas não agora. Há alegria bastante para se não pensar, que é coisa sempre triste. Olha, escuta. Nas passagens de nível, havia um aviso de «pare, escute, olhe» com vistas ao atropelo dos comboios. É o aviso que devia haver nestes dias magníficos de sol. Olha a luz. Escuta a alegria dos pássaros. Não penses, que é sacrilégio.
♣
Vergílio Ferreira
Ler & Assistir antes do pôr do sol |
Livros
Ficção
O Sol é Para Todos – Harper Lee. Indico porque é um livro indispensável. É belíssimo, bem escrito, com uma história linda, inesquecível. Fala muito sobre a coragem de ser coerente, de se manter fiel em tempos muito difíceis.
Se você ama literatura, com certeza já ouviu falar do livro “O Sol é Para Todos”, da escritora Harper Lee. Publicado em 1960, a obra é considerada um clássico da literatura americana e já vendeu mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo. Mas, afinal, o que faz desse livro tão especial?A história se passa na cidade fictícia de Maycomb, no Alabama, durante a Grande Depressão dos anos 1930. O protagonista é Atticus Finch, um advogado respeitado e pai de dois filhos, Jem e Scout. A narrativa é feita sob o ponto de vista da própria Scout, que na época da história tinha apenas seis anos.O livro aborda temas como racismo, preconceito e injustiça social. Atticus é contratado para defender um homem negro chamado Tom Robinson, acusado de estuprar uma mulher branca. A cidade inteira se volta contra Atticus por defender um negro e a família Finch sofre com o preconceito e a discriminação dos vizinhos.
A história é emocionante e envolvente, mas o que realmente faz desse livro um clássico é a forma como Harper Lee aborda os temas delicados. Ela consegue mostrar a crueldade do racismo sem ser panfletária ou didática. Através dos olhos de Scout, vemos como as crianças são influenciadas pelos preconceitos dos adultos e como a ignorância pode levar a injustiças terríveis. Outro ponto forte do livro é a construção dos personagens. Atticus Finch é um dos personagens mais icônicos da literatura americana. Ele é um homem justo e corajoso, que luta pelo que é certo mesmo quando isso significa ir contra a maioria. Jem e Scout também são personagens marcantes, com personalidades bem definidas e uma relação fraterna que emociona. “O Sol é Para Todos” é uma leitura obrigatória para quem quer entender a história dos Estados Unidos e refletir sobre temas atuais como racismo e discriminação. Apesar de ser um livro sério, ele também tem momentos de humor e ternura.
Não ficção
Vidas Trans – A Coragem de Existir. Indico porque tem tudo a ver com o tema da semana. As pessoas trans, especialmente neste país, são as que menos direito tem de ser quem são. Então, o que precisamos fazer para ajudar é nos inteirarmos do universo dessas pessoas, e atualmente está crescendo muito o número de obras que tem a ver com o universo das pessoas trans.
Neste livro, Amara Moira, João W. Nery, Márcia Rocha e T. Brant – todos pessoas trans – relatam, em depoimentos intensos, urgentes e necessários, o momento no qual percebem que havia algo diferente com seus corpos, sobre o sentimento de inadequação perante os padrões exigidos pela sociedade, sobre os preconceitos e as dores vividos dentro e fora da família, sobre o momento de transição e, enfim, da liberdade sentida por esta decisão. Em cada um dos relatos individuais, os autores contam suas histórias de vida, de luta e militância – constante e diariamente –, a fim de reafirmar o direito ao nome, ao corpo e à existência plena.
Filme
Gênio Indomável – Gus Van Sant. Pensei nesse filme porque é um filme que fala muito sobre tornar-se quem você é, porque é um dos meus filmes da vida, porque é um filme lindo, que preciso rever, inclusive.
“Gênio Indomável” é um filme americano de 1997 dirigido por Gus Van Sant e estrelado por Matt Damon, Ben Affleck e Robin Williams. O filme conta a história de Will Hunting (Matt Damon), um jovem problemático e extremamente inteligente que trabalha como zelador no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Apesar de sua vida aparentemente sem perspectivas, Will possui uma habilidade natural para a matemática, o que é descoberto pelo professor de matemática Gerald Lambeau (Stellan Skarsgård), que desafia Will a resolver um problema matemático complexo. Will consegue resolvê-lo, mas continua resistindo a qualquer tipo de ajuda.É quando Lambeau busca a ajuda do psicólogo Sean Maguire (Robin Williams), um velho amigo que tem suas próprias questões emocionais a superar. A partir daí, Will começa a ser acompanhado por Maguire, que o ajuda a superar suas barreiras emocionais e a perceber seu próprio potencial.
“Gênio Indomável” é um filme emocionante que fala de temas como amizade, família, amor e superação pessoal. O filme recebeu nove indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator Coadjuvante para Robin Williams, levando a estatueta nesta categoria.
Série
Sense 8 – Uma das minhas séries favoritas da vida. Quando acabou me senti órfã. A história tem tudo a ver sobre buscar ser quem se é. Assistam, é uma série linda demais
Sense8 é uma série original da Netflix que narra a história de oito pessoas de diferentes partes do mundo que, de repente, se tornam mentalmente conectadas. A partir daí, os oito personagens principais passam a compartilhar suas experiências, habilidades e emoções uns com os outros, criando um laço especial que transcende a distância física. Aborda temas como identidade, sexualidade, amor e liberdade em uma narrativa complexa e envolvente. Cada personagem tem sua própria história e personalidade, que se entrelaçam em uma trama que envolve conspirações, perseguições e muita ação.
Os oito protagonistas são: Will Gorski, um policial de Chicago; Riley Blue, uma DJ islandesa que vive em Londres; Capheus Onyango, um motorista de van em Nairóbi; Sun Bak, uma executiva coreana; Lito Rodriguez, um ator mexicano; Kala Dandekar, uma farmacêutica indiana; Wolfgang Bogdanow, um ladrão alemão; e Nomi Marks, uma hacker transexual americana.
A série foi criada pelas irmãs Lilly e Lana Wachowski, responsáveis pela trilogia Matrix, e J. Michael Straczynski, roteirista de histórias em quadrinhos como Homem-Aranha e Thor. Sense8 foi aclamada pela crítica por sua abordagem inovadora e inclusiva, que quebrou barreiras culturais e de gênero.
Infelizmente, a série foi cancelada após duas temporadas. No entanto, a Netflix lançou um episódio especial de duas horas em 2018 para encerrar a trama e dar aos fãs um final mais satisfatório. Sense8 é uma série que vai além dos limites da televisão convencional, abordando temas importantes de forma sensível e emocionante.
Documentário
Lemebel – Joana Garibaldi. Indico porque precisamos conhecer Lemebel. Porque foi um artista que teve a coragem de ser quem era. Em plena ditadura bestial que foi a de Pinochet. E porque a arte dele é uma delícia, é linda, e esse tipo de arte não cansa nunca.
Lemebel é um documentário que retrata a vida e a obra de Pedro Lemebel, um dos mais importantes artistas queer da América Latina. Lemebel foi um escritor e artista visual que se destacou pela sua crítica ácida e irreverente à ditadura de Pinochet, à homofobia e ao machismo na sociedade chilena. O filme, dirigido por Joanna Reposi Garibaldi, utiliza slides e imagens de arquivo para mostrar o trabalho de Lemebel nos anos 80 e 90, quando ele participou de performances provocativas e contestadoras, como as do coletivo Las Yeguas del Apocalipsis. O filme também acompanha os últimos anos de Lemebel, quando ele enfrentou um câncer que o levou à morte em 2015.
O filme Lemebel é uma homenagem a um artista que lutou pela liberdade de expressão e pela diversidade sexual e cultural no Chile. É um filme que resgata a memória de um período sombrio da história do país, mas também celebra a resistência e a criatividade de Lemebel e de outros artistas que se opuseram ao regime autoritário. O filme é uma obra que nos convida a conhecer melhor a vida e o pensamento de Lemebel, um dos maiores expoentes do movimento queer na América Latina.
Radio Relógio
- A heliolatria é a adoração do sol. Essa prática religiosa tem origem na mitologia grega, onde Hélio era o deus do sol, que conduzia o sol como um carro pelo céu. A heliolatria também está presente em outras culturas antigas, como a egípcia, a mesopotâmica e a inca. O sol é uma fonte de energia, de luz e de calor para a vida na Terra. Por isso, muitos povos antigos veneravam o sol como uma divindade suprema, que trazia benefícios e também castigos. Os rituais de heliolatria envolviam sacrifícios, oferendas, orações e festivais em homenagem ao sol. A heliolatria ainda existe hoje em algumas formas de espiritualidade, como o neopaganismo e o hinduísmo. Algumas pessoas acreditam que o sol é uma manifestação do divino, que pode ser contemplado e reverenciado. Outras pessoas praticam a heliolatria como uma forma de se conectar com a natureza e com o seu próprio ser interior.
- Dentro do sol caberiam mais ou menos um milhão de planetas Terra.
- A sequencia de yoga “Saudação ao sol” (surya namaskar) é uma das práticas mais benéficas que existem, para corpo e mente.
7 de maio é o 127.º dia do ano no calendário gregoriano (128.º em anos bissextos). Faltam 238 dias para acabar o ano.
O próprio sol não vê até que o céu clareie. William Shakespeare – Soneto 148 |
Se você leu até aqui, obrigada! Esse é o meu almanaque particular. Um pedaço do meu diário, da minha arca de referências, um registro de pequenas efemérides, de coisas que quero guardar, do tempo, do vento, do céu e do cheiro da chuva. Os Vestígios do Dia, meus dias.
© Nalua – Caderninho pessoal, bauzinho de trapos coloridos, nos morros de Minas Gerais. Outono, graças aos céus. |