Categoria: almanaque


Belo Horizonte, 26 de fevereiro de 2023

☼ 31° – 19º

Aniversário de Victor Hugo. Fuga de Napoleão da Ilha de Elba.  Em 1932 nascia Johnny Cash, e em 1956 Michel Houellebecq.  Em 2020 a pandemia de COVID-19 no Brasil tem início após a confirmação de uma pessoa que retornou da Itália e testou positivo para o SARS-CoV-2, causador da COVID-19.


Oráculos da Semana

 

A carta que vai guiar essa semana é a Rainha de Paus. Pelo fato de ser o começo de um projeto (o primeiro post deste almanaque, num começo de ano) eu resolvi usar o baralho Rider-Waite, que também é um clássico. Para uma semana de começos (não dizem que o ano só começa na segunda-feira depois do carnaval?) é uma das cartas mais poderosas e influentes do baralho.

A Rainha de Paus é representada por uma mulher de aparência corajosa e determinada, segurando um cetro em uma das mãos e um ramo de flores secas na outra.

Esta carta é um símbolo de liderança, criatividade, paixão e força. Ela é uma indicação de que nessa semana é possível liderar e inspirar a sei mesma e aos outros, e que a criatividade é sua melhor arma. A Rainha de Paus é um símbolo de coragem e determinação. Ela encoraja você a ser ousada, enfrentar seus medos, e não desistir dos seus sonhos, pelo menos nesta semana. Ela é um lembrete de que, com determinação e esforço, você pode superar desafios, é a hora de aproveitar os bons ventos que nem sempre sopram.

No entanto, esta carta também pode indicar que você precisa ter cuidado para não ser arrogante ou dominador demais, pois isso pode afastar uma ajuda crucial no momento. É importante equilibrar sua liderança com empatia e compaixão pelos outros. Em resumo, a carta de Tarô Rainha de Paus é uma carta poderosa que representa liderança, criatividade, paixão, coragem e determinação. Ela é um recado para que você use sua força interior para liderar e inspirar os outros, com empatia e compaixão.

Para Jessa Crispin, autora do Livro O Tarô Criativo, a Rainha de Paus está relacionada com sedução. Ela fala sobre seduzir para conseguir o que se quer. E ela sempre consegue, todas as vezes que se lança numa empreitada e precisa conquistar algo, essa rainha tem sucesso. Por isso, não podia ter saído uma carta melhor para a semana, é começo de ano, hora de tirar a poeira daquelas intenções de 31 de dezembro e começar a fazer alguma coisa. Mais do que nunca eu, que estou saindo de uma depressão profunda, preciso acreditar nisso, ainda que no fundo eu ache graça.

Boa semana


Grau Sabiano

O grau sabeu Aquário 6° – Um Ator de Uma Peça de Mistério

O Símbolo Sabiano para Aquário 6 é um ator de uma peça de mistério. Este símbolo fala sobre a ideia da teatralidade da vida e a ideia de que todos nós estamos interpretando um papel em um grande drama que se desenrola ao nosso redor. De muitas maneiras, a vida é como uma peça de mistério, cheia de reviravoltas, revelações inesperadas e momentos de grande drama. Todos somos intérpretes nesta peça e cada um de nós tem um papel a desempenhar. Alguns de nós são os heróis, outros os vilões e outros ainda o alívio cômico. O ator numa peça de mistério entende a importância de seu papel no drama da vida. Ele sabe que não está apenas interpretando um papel, mas ajudando a criar algo maior do que ele mesmo.
À medida que passamos pela vida, é importante lembrar que todos somos intérpretes nesta grande peça de mistério. Cada um de nós tem um papel único e cabe a nós trazer paixão e intensidade a esse papel. Sejamos o herói, o vilão ou o alívio cômico, todos podemos fazer a diferença no drama da vida.
Então, da próxima vez que você se encontrar se sentindo sobrecarregado ou perdido, lembre-se do ator da peça de mistério. Lembre-se de que você faz parte de algo maior e que seu papel é importante. Abrace seu papel e traga sua própria paixão e intensidade únicas para a interpretação.

Este símbolo sugere a ideia de performance ritualizada e o uso de drama para transmitir verdades espirituais profundas. Também fala sobre a importância do simbolismo e do poder do mito na formação da nossa compreensão do mundo. O ator neste símbolo também pode ser alguém que está profundamente sintonizado com as dimensões espirituais da vida e que é capaz de usar seus talentos para comunicar essas verdades aos outros, através de umaa linguagem simbólica e imagens para transmitir sua mensagem. 

No seu cerne, este símbolo trata do poder transformador da arte e da forma como ela pode nos ajudar a conectar com algo maior do que nós mesmos. A peça misteriosa representa uma espécie de jornada espiritual, uma busca pelo entendimento e iluminação que é tanto pessoal quanto universal. 

Se jogue em alguma forma de arte essa semana. Leia, veja um filme, uma série, um poema, um conto. Vá ao teatro, a um show, pinte alguma coisa, borde, se vire. 

Em Aquário, este símbolo também sugere uma disposição para desafiar a sabedoria convencional e abraçar novas ideias e perspectivas. O performer da peça misteriosa é alguém que não está preso à tradição ou ao dogma, mas que está disposto a explorar o desconhecido e ultrapassar os limites do que é possível.

O Símbolo Sabiano para Aquário 6° nos convida a abraçar o poder do ritual, do mito e do simbolismo em nossas vidas e a cultivar uma conexão profunda com as dimensões espirituais e artísticas da nossa existência.

O exercício do momento é você combinar a energia dos dois oráculos e tratar de ter uma semana sensacional. 🍀 

 


No dia 26 de fevereiro de 1984, uma quinta feira, Al Berto escreveu a seguinte entrada em seu diário✍:

26 de Janeiro 1984 / quinta      rua do Forte / Sines

Um dia quase vazio. Porquê? Um dia quase vazio.

Todo o dia senti um frio chuvoso entrar-me nos ossos.

Estar em casa, beber chá, enrolar-me no roupão, sentar-me frente à janela, olhar os meus papéis escritos. A luz projecta a sombra das plantas pelas paredes. O sossego mistério, aparente talvez, dos livros.

As fotografias – visões do Paulo Nozolino nas paredes. Um cigarro fumado lentamente.

Algumas emendas em “3 Cartas da Memória das Índias”.

Resta-me alimentar este caderno com alguma escrita. 

Al Berto – Diários – Ed. Assirio & Alvim

 


Um dos textos mais interessantes que eu li na intenet nos últimos tempos, interessante demais porque a gente se depara com isso muito frequentemente.

O Japonês leitor

Por Alexey Dodsworth Magnavita

Há uma parada que acontece demais em redes sociais, na verdade um reflexo do que ocorre ao vivo: a sugestão óbvio-simplista. Tudo é muito fácil de ser solucionado. Para explicar melhor, darei o exemplo do Japonês Leitor.

O Japonês Leitor é (ou era) um senhor em situação de rua de meu bairro. Chamava a atenção por ser fenotipicamente muito japonês e, bem… por ser leitor. Ele não pedia esmolas, ele não pedia nada. Ficava sentado em algum canto com sombra, carregando consigo dois sacos de lixo. Em um, roupas. No outro, livros. Um monte de livros. E ele lia. Não fazia nada além de ler. Houve uma época em que o ponto dele era o caminho que eu faço pra ir pra minha academia. E lá estava ele, apenas lendo. Eu ficava curioso: o que ele come? Até porque come, com certeza. Alguém dá, mesmo sem ele pedir. E ele não pedia NADA.

O Japonês Leitor passou a chamar a atenção das pessoas. Um dia, vi um post de um rapaz no grupo do bairro. Ele pedia ajuda, orientação sobre como proceder. Evangélico dos bons, cristão raiz, o desamparo do sujeito o incomodava. O rapaz, então, todos os dias levava um prato de boa comida para o Japonês Leitor. O sujeito agradecia, mal olhava pro doador e seguia comendo… e lendo. O Japonês Leitor, contudo, não queria conversa nem mesmo com o rapaz gentil que todos os dias lhe oferecia um almoço. Não queria conversa com ninguém. Se alguém tentasse puxar assunto, a resposta invariável era

– Me deixe em paz.

Entendi, lendo o post, que assistentes sociais já tinham conversado com o Japonês Leitor. Ele estava impassível: não queria ir pra lugar nenhum. Só queria ser deixado em paz com seus livros, na rua mesmo.

Se alguém me perguntasse “o que fazer?”, minha resposta seria “eu não sei”. Tudo o que eu poderia dizer seria o óbvio: que assistentes sociais continuassem a insistir, conversando com o Japonês Leitor. Mas eu não preciso dizer isso para os assistentes sociais. Afinal, eles já estavam fazendo isso.

Em situações assim, você reduz o dano. Havia um rapaz que oferecia almoço. Alguém poderia oferecer jantar. Eu poderia oferecer jantar. Beleza. Antes que eu sugerisse isso, pus-me a ler os comentários, que eram quase todos a mesma coisa:

– Chamem a SAMU.

Chamar a SAMU resolveria zero coisas. O Japonês Leitor não estava doente. E não parecia ser um paciente psiquiátrico em episódio que o tornava incapaz. Muito pelo contrário, demonstrava estar muito calmo, compenetrado, isolado em seu mundo de leitura. Ele só queria ser deixado em paz.

– Mas ele não está bem!

Na verdade, nós que não ficamos bem. A imagem de um homem maltrapilho, sujo, magérrimo, cabelos desgrenhados, perturba nossa ordem. Mas nem a SAMU e nem instituição alguma pode pegar uma pessoa e forçá-la a ir para onde não deseja, salvo se estiver cometendo um crime ou se ficar constatado que se trata de mentalmente incapaz. Não fiquei impressionado com a repetição incessante de “chamem a SAMU”. Na vasta maioria das vezes, diante da descrição de casos complexos, quase todo mundo (vocês que me leem, inclusive e sobretudo) oferecem soluções simplistas. A solução é oferecida como uma incrível revelação. Eu apenas rio e penso: “como não pensei nisso antes?”.

Tudo parece muito simples. O Japonês Leitor está sujo na rua? Chamem a SAMU.

Rolou um problema? “Se fosse eu, eu processaria”. Na verdade não, você não processaria, você só está dizendo que o faria. E se a pessoa para quem você deu esse conselho processar e perder, você provavelmente sumirá e não se oferecerá para ajudar a pagar as custas.

O marido bate na esposa? “Ah, se fosse eu, pediria divórcio”. Muito simples, não? O divórcio de um monte de mulheres que sofrem abuso é o equivalente do SAMU pro Japonês Leitor: a SAMU vai levar o Japonês para onde? É pra sumir com o sujeito que ofende nossa estética? É pra arranjar um diagnóstico psiquiátrico e internar? Ufa, pronto, não terei mais que ver o Japonês Leitor na rua. A mulher espancada que se divorcia vai pra onde? Pra sua casa? Com as crianças e tudo? Não estou dizendo que não existam soluções. Para todos os casos, sem duvida há. Elas só não são tão simples quanto tantos de vocês fazem parecer. Em um monte de casos, o problema é tão, mas tão complexo, que tudo o que podemos fazer é reduzir danos enquanto os múltiplos fatores que geram o problema não forem sendo resolvidos.

E o Japonês Leitor? Um dia, passou bastante mal. Os assistentes sociais vieram pela enésima vez. Ele arregou: “eu aceito ir com vocês”.

Foi-se, e levou os livros.

Fonte



Um livro, um podcast e alguns links

Livro

O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa. Indico pois é topo tudo de qualquer lista de melhores livros. Pessoa é maravilhoso, é oráculo, como diz o Wisnck em um podcast que não lembro mais qual. O Livro do Desassosego porque é uma obra que mergulha nas profundezas da alma humana, trazendo reflexões íntimas sobre a vida e a existência. Pessoa expõe seus pensamentos mais profundos e aborda uma série de temas que vão desde a solidão e a tristeza até o amor e a esperança. A linguagem poética utilizada por Pessoa é um dos pontos altos da obra. Com uma escrita elegante e repleta de metáforas, o autor consegue transmitir suas ideias de forma profunda e impactante, como diz o ChatGPT (até ele sabe que Pessoa é ouro puro). É possível se identificar com as angústias e questionamentos do autor, o que torna a leitura ainda mais intensa e emocionante. (Obrigada por essa também, ChatGPT)

 


Podcast

Paciente 63 é uma audiossérie original da Spotify, em português, publicada no formato de podcast, baseada na audiossérie chilena Caso 63, criada por Julio Rojas. A primeira temporada da série no Brasil foi lançada em julho de 2021, a segunda em fevereiro de 2022, e a terceira em Novembro de 2022. Eu ouvi e acheo bem divertido, me prendeu muito a atenção. Indico aqui neste almanaque porque é uma rádio novela né, nada mais compatível com o tempo dos almanaques do que uma rádio novela. 


O que concluiu o maior estudo feito sobre a felicidade

Como ficar invisível nas redes sociais

 

Se você leu até aqui, obrigada! Esse é o meu almanaque particular. Um pedaço do meu diário, um registro de pequenas efemérides, de coisas que quero guardar, do tempo, do vento, do céu e do cheiro da chuva. Os Vestígios do Dia, meu dia.


©Nalua. 
Almanaque da vida comezinha, nas montanhas de Minas Gerais, num calor danado.