Categoria: carta semanal

me vi sorridente escovando os dentes

Belo Horizonte, 02 de junho de 2024

🌤️ 15° – 25°


02 de junho é Dia Internacional da Prostituta e  Dia Nacional de Combate à Cefaleia. Em 455 os vândalos entraram em Roma e saquearam a cidade por duas semanas. Em 1692 Bridget Bishop foi a primeira pessoa a ser julgada por bruxaria em Salem. Em 1863 Harriet Tubman liberta uma multidão de escravos e se torna a primeira mulher, e certamente a primeira negra, a liderar um ataque militar na Guerra Civil americana. Em 1875 Alexander Graham Bell faz a primeira transmissão de som.  Em 1896 Guglielmo Marconi solicita a primeira patente para o telégrafo sem fio. Em 1964 acontece a ciação da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Em 1959 Allen Ginsberg escreve seu poema Ácido Lisérgico. Em 1967 acontece o lançamento do álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band“. Em 1989 estreia  “Sociedade dos Poetas Mortos“. Em  2002 estreia “The Wire“, uma das melhores séries de todos os tempos. Em 1740 nasce o Marquês de Sade, em 1743 chega Cagliostro, em 1840 Thomas Hardy, em 1942 Alba Zaluar. Em 1952 aparece Ana Cristina César, em 1980 Caio Blat. E neste dia em 2002 Tim Lopes foi covardemente assassinado. O Sol está em Gêmeos.


Lá fora
há um amor
que entra de férias.
Há um embaçamento
de minhas agulhas
nítidas diante
dessa boa bisca
de mulher.
Há um placar
visível em altas horas,
pela persiana deste hotel,
fatal, que diz: fiado,
só depois de amanhã
e olhe lá,
onde a minha lâmina
cortante,
sofrendo de súbita
cegueira noturna,
pendura a conta
e não corta mais,
suspendendo seu pêndulo
De Nietzsche ou Poe
por um nada que pisca
e tira folga e sai
afiado para a rua
como um ato falho
deixando as chaves
soltas
em cima do balcão.

♣️

Ana Cristina César



Neste dia, há 46 anos, escreveu Alice Walker em seu diário:

2 de junho de 1978

Um lindo dia na minha casinha. Trabalhando no jardim, fazendo leituras avulsas, meditando. Robert foi para a cidade almoçar com Jennifer Lawson e trabalhar em pesquisas na biblioteca. Sinto uma espécie de desapego. Uma espécie de irrealidade. Senti isso desde que ele chegou. Tem momentos em que sinto que realmente estamos em sintonia, mas são momentos. Não sinto mais a intensidade que já senti e me pergunto se é apenas medo – provavelmente é. Tenho medo de deixar minha casinha branca, minhas amizades. Ao mesmo tempo, estou ansiosa para explorar a Califórnia. Talvez eu descubra que sou uma pessoa da Califórnia.

Sob outra perspectiva, talvez não.

O que estou sentindo?

Vim para Washington com Robert e Rebecca. Uma boa parte do caminho sonolenta por causa da erva… mas agradável e suave. Deixei Rebecca com Mel e Judy. Mel agora mora numa casa geminada marrom de dois andares numa rua larga com grandes ulmeiros. Perto da parte que tem a estátua de Mary McLeod Bethune. (Na estátua, notei que uma das letras do nome dela está faltando – isso é desmoralizante. Perguntei em voz alta para Robert se todas as nossas estátuas, bustos etc. têm algo (uma letra) faltando.)

Na casa, aborreci Mel porque vi uma colcha que alguém me deu na Carolina do Norte. Estava numa cama no escritório. Muito do que tem na casa deles são coisas que eu comprei. Mas e daí? Esse apego às “minhas coisas” é algo que eu não quero de jeito nenhum – e é uma das razões pelas quais eu deixei a “nossa casa”. É tão estranho vê-lo com Judy, sentado, comendo, na “mesa deles”. Mas absolutamente não tem nada de querer estar no lugar dela. Ele parecia pálido, como uma lesma, doente. Dá para ver a idade se aproximando como se aproxima de todo mundo – exceto: ia escrever que… Eu pretendo lutar contra isso. Mas não pretendo lutar contra isso exatamente. Só não desistir antes que seja necessário.

Alice Walker – Colhendo flores sob incêndios. Os diários de Alice Walker. 1965-2000 Ed. Rosa dos Tempos


Vale o quanto pesa

A carta desta semana me custou demais. Quase não saiu, quase me fez desistir desse almanaque. E ainda agora não sinto muita firmeza, não consegui fazer o que queria, estou tendo que travar uma batalha para aceitar que não vai ficar bom e que pode ser assim também. Que feito é melhor que perfeito. É bem curioso isso, e ao mesmo tempo engraçado, porque nestes dias em que voltei a ler sobre astrologia, me deparei várias vezes com o tema Marte em Aquário. (Oi Dani, Oi Laís). Na minha carta natal, Marte está em Aquário, e essa posição faz desse planeta um péssimo lutador. Ou briga pelas coisas erradas ou não briga. Brigar me dá dor de cabeça. E isso é a antítese desse arcano Sete de Paus. E é inusitado também porque o 7 de paus não é uma carta ruim, muito pelo contrário. Não era pra ter me rendido tanta batalha. Ou era? 🙂 Coisas do tarô, mostrando que a vida é assim, imperfeita.

Mas o Sete de Paus precisa brigar, quando a gente se depara com ele, é preciso sair em defesa de algo, é preciso lutar, quer tenhamos vontade ou não. Ele nos chama a defender algo. E esse algo em geral são nossos próprios princípios e valores, nossa posição nesse mundo louco. Algo ameaça aquilo que nos é muito, muito caro.

O problema é: quem quer brigar nesses tempos em que as pessoas estão loucas, completamente descompensadas, em que o clima se prepara para nos aniquilar, em que em muitos casos, só existir já é uma luta ferrenha todos os dias? Lutar nesse mundo maluco em que a desigualdade só piora e o cenário geral é de amedrontar? Eu e meu marte em aquário na casa 12 é que não queremos mesmo! Já tenho lutas em quantidade suficiente no cotidiano.

Mas nesta semana será preciso defender alguma coisa, será preciso brigar por algo, por alguma posição nossa no mundo.  E quando sai o Sete de Paus é importante que saibamos quais são os nossos pilares, nossos guias internos, qual é o nosso norte, ou para onde queremos caminhar. Lutar por algum princípio requer saber quais são as coisas das quais não podemos abrir mão. E isso exige um autoexame refinado. Com o Sete de Paus no horizonte não é prudente fingir que não vemos o que está se avizinhando. Senão seremos atropelados e esmagados e iremos viver sob o jugo de princípios e valores que não são os nossos. É prudente desacelerar um pouco, trabalhar um pouco menos e respirar, e recordar para onde estamos indo.

“Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a sua manifestação gloriosa.”

(2 Timóteo 4, 7)

Eu vou aproveitar a lição do Sete de Paus, não desistir e seguir nas páginas deste livro da vida que é o tarô. Não vou fugir, mas da minha essência, não vou me afastar.

Boa semana meus galinhos garnisé.

O Sete de Paus é uma carta do tarô que representa desafios, competição e perseverança. Esta carta está associada ao elemento fogo, o que significa que está ligada à paixão, energia e ação. Quando o Sete de Paus aparece em uma leitura, ele sugere que o consulente está enfrentando obstáculos e competições, mas também indica que ele possui a força e a determinação necessárias para superá-los. No aspecto simbólico, o Sete de Paus mostra um homem segurando um bastão e enfrentando seis outros, indicando que ele está em uma posição defensiva, mas ainda assim está disposto a lutar pelo que acredita. Isso representa a ideia de defender seus princípios e convicções, mesmo que isso signifique enfrentar oposição. Em termos de interpretação, o Sete de Paus pode indicar que o consulente está enfrentando desafios em sua vida, seja no trabalho, nos relacionamentos ou em outras áreas. Ele pode estar se sentindo sobrecarregado e lutando para manter sua posição. No entanto, a carta também traz uma mensagem de encorajamento, sugerindo que o consulente tem a capacidade de superar esses desafios se permanecer firme em suas convicções e persistir em seus esforços.  Em termos de conselhos, o Sete de Paus sugere que o consulente mantenha a calma e confie em suas habilidades. Ele deve estar preparado para enfrentar desafios e não se deixar intimidar pela oposição. É importante lembrar que a competição e os obstáculos fazem parte da vida e que é através da superação deles que crescemos e nos fortalecemos. O Sete de Paus é uma carta que traz a mensagem de que o consulente está enfrentando desafios e competições, mas também possui a força e a determinação necessárias para superá-los. É um lembrete para manter a firmeza em suas convicções, estar preparado para lutar pelo que acredita e buscar soluções criativas para superar os obstáculos.

Um texto que compra todas as nossas brigas

(Virginia Woolf comenta os Ensaios, de Montaigne)

Aqui a alma, inquietando-se, ataca as formas mais palpáveis dos grandes estorvos de Montaigne, a convenção e a cerimônia. Mas observe-a ruminando diante da lareira no cômodo daquela torre, que, apesar de separado do prédio principal, possui uma vista tão ampla da propriedade. Ela é sem dúvida a mais estranha criatura do mundo; nada heroica, inconstante como um galo dos ventos, tal como Montaigne, que se diz “envergonhado, insolente, casto, libidinoso, tagarela, taciturno, trabalhador, requintado, engenhoso, tolo, aborrecido, complacente, mentiroso, sincero, sábio, ignorante, liberal e avarento e pródigo”. Em suma, ela é tão complexa, tão indefinida, tão pouco semelhante à versão que a substitui em público, que um homem poderia passar a vida inteira simplesmente tentando encontrá-la. O prazer da busca mais do que compensa qualquer dano que possa causar às nossas perspectivas mundanas. O homem que tem consciência de si é, portanto, independente; e jamais se entedia, e a vida é simplesmente curta demais, e ele se vê mais e mais imerso em uma felicidade profunda, porém ponderada. Somente ele vive, enquanto as outras pessoas, escravas da cerimônia, deixam a vida passar por elas em uma espécie de sonho. Basta se conformar, basta fazer o que as outras pessoas fazem somente porque elas o fazem, e uma letargia toma conta de todos os mais refinados nervos e faculdades da alma. Toda ela se torna manifestação exterior e vazio interior; tediosa, cruel e indiferente.

Certamente, então, se perguntarmos a esse grande mestre da arte da vida qual o seu segredo, ele nos aconselhará a nos recolher ao quarto retirado da nossa torre e ali folhear os livros, perseguir uma fantasia atrás da outra à medida que elas se perseguem chaminé acima e deixar o governo do mundo para os outros. Recolhimento e contemplação: esses devem ser os principais elementos da receita dele. Mas não; Montaigne não é de modo algum explícito. É impossível extrair uma resposta simples desse homem sutil, meio melancólico, com um meio sorriso nos lábios e de olhos pesados e expressão sonhadora e zombeteira. A verdade é que a vida no campo, com seus livros e legumes e flores, com frequência é extremamente monótona. Ele jamais conferia se suas ervilhas-tortas eram muito melhores do que as dos outros. Paris era o lugar que ele mais amava no mundo inteiro – “jusques à ses verrues et à ses taches” [“até em suas imperfeições e seus vícios”]. Quanto à leitura, raramente conseguia ler qualquer livro durante mais de uma hora seguida, e sua memória era tão ruim que ele esquecia o que lhe ia pela cabeça assim que passava de um cômodo a outro. A sabedoria livresca não é nada do que se orgulhar, e quanto às conquistas científicas, a que se reduzem? Ele sempre convivera com homens inteligentes, e seu pai decerto nutria uma veneração por eles, mas ele observara que, embora tivessem seus bons momentos, suas rapsódias, suas visões, mesmo os mais inteligentes oscilavam à beira da estupidez. Observe a si mesmo: num instante você se exalta; no outro um copo quebrado o leva à beira de um colapso nervoso. Todos os extremos são perigosos. Melhor permanecer no meio da estrada, nas trilhas comuns, por mais enlameadas que sejam. Na escrita, escolha as palavras comuns; evite a rapsódia e a eloquência – no entanto, é verdade, a poesia é deliciosa; a melhor prosa é aquela que mais está repleta de poesia.

Portanto, parece que devemos almejar uma simplicidade democrática. Podemos até desfrutar do nosso quarto na torre, com as paredes pintadas e as estantes espaçosas de livros, mas lá embaixo, no jardim, há um homem cavando que enterrou o pai esta manhã, e é ele e os seus semelhantes que vivem a vida real e falam a língua real. Com certeza, há alguma verdade nisso. As coisas são ditas com muita exatidão entre os de baixa estirpe. Existe, talvez, mais das qualidades que importam entre os ignorantes do que entre os letrados.

Virginia Woolf – O Leitor Comum – Ed. Todesilhas

A Luta Mais Vã

Esse Sete de Paus me pegou muito de jeito. Olha só, esse tema – lutar para se manter fiel aos seus princípios – deve ser dos temas mais férteis da arte. Eu sei que tem muitos livros, filmes, muita arte sobre isso. Mas eu não consegui acessar muita coisa, instalou-se um deserto na minha cabeça, lutar me deixa assim 🥴. Não consegui pensar em filmes, nem livros, nem sequer canções! Por fim resolvi aceitar, deve fazer parte do processo oracular do tarô, é a parte mística se sobrepondo e avisando que não é pra ficar racional demais. Então aí vai, o que veio de chofre à minha mente. As minhas pessoas deram dicas também. 

Livro

A Analfabeta: Um Relato Autobiográfico – Ágota Kristóf. Um livro simplesmente sensacional. Curtíssimo, tão curto que nem seria editado sozinho há alguns anos. A mim pareceu um exemplar magnífico do que fala o sete de paus. É o relato da autora lutando para se manter fiel a si mesma quando se encontrava em uma situação de exílio, de estar longe de seu lugar de pertencimento, como exilada, como expatriada. É a luta dela para não seguir analfabeta diante de uma língua estranha e hostil. E ela consegue. Tanto consegue que se torna uma autora que publica nessa outra língua livros premiados e aclamados. É a briga de uma mulher com o exílio, com a pobreza material e a pobreza simbólica que o desconhecimento da sua nova língua acarretava. E é a história de como ela ganhou essa batalha, nos seus póprios termos. É um primor de tão bem escrito. 


Num mundo triturado pelo horror da Segunda Guerra, a escritora húngara Ágota Kristóf fez em A analfabeta o relato da sua travessia pessoal em busca de uma pátria e de uma língua que jamais fossem confiscadas. Queria uma língua na qual pudesse, enfim, encontrar as palavras que lhe pertencessem. Numa série de curtos depoimentos, Kristóf escreve sobre a fantasmagórica infância pobre de quem começa a viver em meio a um conflito mundial e sobre a obrigatoriedade de aprender o idioma russo, que tentou rasurar a sua língua natal. Lembra, ainda, a estranheza do luto imposto pela morte de Stálin e da sua fuga para a Suíça no final dos anos 1950. Uma das mais importantes autoras europeias do século XX, Kristóf oferece aqui um romance de formação da sua vida junto às palavras, e sentencia: “É preciso continuar escrevendo. Inclusive quando não interessa a ninguém”.


Um livro para mim

Harriet Tubman – A Moisés de seu Povo – Sarah Hopkins Bradford.  Esta é uma indicação para mim, sobre esta que é a uma das mais extraordinárias mulheres que já passaram nesta Terra. Se não conhecemos a história desta mulher inacreditável, por favor, vamos correr pra conhecer. Não é possivel estar vivo em 2024 e não saber a história fantástica dessa pessoa. Eu me coloco como dever de casa ler um livro sobre essa mulher. Este ainda por cima está de graça no Kindle Unlimited. Harriet Tubman é o mais acabado exemplo de alguém que viveu para lutar por seus princípios.


Nascida em 1822, Tubman foi batizada Araminta “Minty” pelos seus pais escravizados. Passou uma infância repleta de maus tratos por parte de seus mestres. Aos 13 anos foi quase morta por uma pancada na cabeça, que a deixou com problemas de saúde pelo resto da vida. Naquele momento, porém, “Minty” decidiu que lhe havia somente duas escolha: a liberdade ou a morte. Sua fuga ocorre em 1849. Daí em diante a garota franzina de Maryland passa a ser reconhecida pelo nome Harriet Tubman. Mas assim que cruza a fronteira para a Pensilvânia, onde a escravidão já era proibida, teve uma revelação ambivalente: “Olhei para as minhas mãos”, ela disse, “para ver se eu era a mesma pessoa agora que estava livre. Havia tamanha glória em tudo, o sol passava através das árvores pelos campos como se fosse ouro. Senti-me como se estivesse no céu”. Mas então uma gota amarga contaminou sua alegria. Ela estava sozinha e seus parentes estavam escravizados, pois nenhum deles teve a coragem para ousar o que ela ousou. Tubman tornou-se a primeira mulher a liderar um ataque militar durante a Guerra Civil. Na manhã de 2 de junho de 1863, Tubman guiou três barcos a vapor por entre minas plantadas pela Confederação nas águas que levavam às margens. Uma vez em terra, as tropas da União atearam fogo às plantations, destruindo infraestruturas e apreendendo milhares de dólares em comida e mantimentos. Quando os barcos a vapor soaram seus apitos, escravos em toda a área entenderam que ela estava sendo liberada. Tubman observou enquanto escravos debandaram em direção aos barcos. “Nunca vi uma visão como aquela”, disse ela mais tarde, descrevendo uma cena de caos com mulheres carregando panelas de arroz ainda fumegantes, porcos guinchando em sacos carregados sobre ombros e bebês nos pescoços de seus pais. Embora seus proprietários, armados com pistolas e chicotes, tentassem parar a fuga em massa, seus esforços foram praticamente inúteis no tumulto. Mais de 750 escravos foram resgatados no ataque do rio Combahee. Jornais reconheceram o “patriotismo, a sagacidade, a energia e a habilidade” de Tubman, e ela foi elogiada por seus esforços de recrutamento.


Filme

Sociedade dos Poetas Mortos – Peter Weir – 1989. Esse filme foi a escolha natural. Por ser o filme aniversariante do dia, e porque mostra exatamente uma história de pessoas lutando para se manterem fiéis aos seus princípios. É também um dos filmes que mais gosto. Assisti novinha, me encantei com ele assim como boa parte da minha geração, sigo com ele no coração e certamente é dos filmes que me formaram.


“O filme ‘Sociedade dos Poetas Mortos’ é uma obra que marcou gerações e continua a emocionar espectadores até hoje. Lançado em 1989 e dirigido por Peter Weir, o filme se passa em uma tradicional escola preparatória para rapazes nos Estados Unidos, onde um professor de literatura, interpretado magistralmente por Robin Williams, inspira seus alunos a desafiarem as convenções e a viverem a vida de forma autêntica. A trama se desenrola em meio a um ambiente conservador e repressor, onde os jovens estudantes são pressionados a seguir um caminho predefinido pelos pais e pela instituição. No entanto, o professor John Keating, com seus métodos pouco convencionais, incentiva os alunos a pensarem por si mesmos, a questionarem a autoridade e a explorarem sua criatividade. O ponto central do filme é a mensagem de liberdade individual, representada pela poesia como forma de expressão e resistência. Através das aulas de Keating, os estudantes descobrem o poder das palavras e como estas podem transformar suas vidas. A famosa frase “Carpe Diem” (aproveite o dia), utilizada pelo professor para inspirar seus alunos, tornou-se um lema de vida para muitos espectadores.


Série

Outlander  –  Ronald D. Moore, Diana Gabaldon – 2014. Outlander é uma série que eu vi até a terceira temporada, acho que três vezes. Sempre que chega na parte da França eu paro, não gosto da França nesta época. Mas vou terminar ainda, algum dia. A indicação de Outlander é da Laís,e ela diz que dialoga com o Sete de Paus em vários arcos, por ex., com a protagonista Claire, que luta pelo que acredita, pela defesa dos escoceses mesmo sendo ela própria, sassenach, forasteira, a inglesa, e então ela é perseguida por isso, e incompreendida. Claire também luta pela liberdade da mulher numa época que isso não existia, e acaba entrando em enrascadas porque não sabe escolher muito bem as causas pelas quais vale à pena lutar. O protagonista Jamie, que entra nas lutas pra defender a amada Claire porque é quem ele ama mais na vida toda. E além disso existem as batalhas propriamente ditas em todas as temporadas. É uma jornada pelo Sete de Paus. Uma hora destas eu termino de ver e quem sabe anime a ler os livros.


Outlander é uma série de televisão de drama e romance britânica-americana baseada na série de livros de mesmo nome da escritora americana Diana Gabaldon. Desenvolvida por Ronald D. Moore, o programa estreou em 9 de agosto de 2014 no canal Starz. A série é produzida pela Sony Pictures Television com apoio da Left Bank Pictures. É protagonizada por Caitriona Balfe e Sam Heughan. A primeira temporada da série de televisão é baseada no primeiro livro da série, Outlander (1991), e contém dezesseis episódios ao todo e dividido em duas parte. A segunda temporada de 13 episódios, baseada em Dragonfly in Amber (1992), foi ao ar de abril a julho de 2016. A terceira temporada de 13 episódios, baseada em Voyager (1994), foi ao ar de setembro a dezembro de 2017, enquanto a quarta temporada com também 13 episódios, baseada em Drums of Autumn (1997), foi exibida de novembro de 2018 a janeiro de 2019. A quinta temporada de 12 episódios, baseada em The Fiery Cross (2001), foi ao ar de fevereiro a maio de 2020. A série foi renovada para uma sexta temporada de 12 episódios, baseada em A Breath of Snow and Ashes (2005).  Em 19 de janeiro de 2023, o canal Starz renovou Outlander para a oitava e última temporada.


Documentário

What Happened, Miss Simone?  – Liz Garbus – 2015. É um documentário tão magnífico quanto triste. E a tristeza vem justamente da luta desta mulher sensacional para se manter fiel aos seu princípios e valores. Mas ela sente que perdeu essa luta. Ela sente que o racismo venceu. É importante lembrar disso até mesmo para sabermos que conseguir se manter fiel aos seus princípio nesse mundo injusto e cruel é também um imenso privilégio, um privilégio que muitas vezes não alcança as minorias. Mas à parte qualquer coisa, eu indico esse documentário e também apelo para que ouçam a divina Nina, ouçam sempre, todo dia, essa voz toca o divino, é daqueles acontecimentos que fazem a vida valer a pena. Só de ouvir a voz de Nina Simone vale a pena estar vivo…


What Happened, Miss Simone? é um documentário estadunidense de 2015 dirigido por Liz Garbus, que conta a história da cantora e ativista Nina Simone. Foi lançado originalmente em 22 de janeiro de 2015 no Festival Sundance de Cinema. Ele foi indicado ao Oscar de melhor documentário em 2016. Uma das maiores cantoras de todos os tempos, Nina Simone é uma das grandes expressões não só da música negra como também das lutas por igualdade e pelos direitos das mulheres e dos negros norte-americanos. Eunice Waymon, seu nome de batismo, nasceu no estado da Carolina do Norte, nos EUA, em 1933, e enfrentou muitas dificuldades para seguir a carreira artística. Seu sonho na adolescência era ser uma pianista erudita, mas foi rejeitada pelo conservatório Curtis Institute of Music – fato que ela sempre atribuiu à cor de sua pele. Sem desistir do sonho, ela se tornou a mundialmente reconhecida Nina Simone. Sua voz poderosa e libertária se calou em 2003, aos 70 anos.


♫ Playlist

E Vamos à Luta – Gonzaguinha
Sol Quadrado – Pitty
Maria, Maria – Milton Nascimento
Hasta la Raíz – Natalia Lafourcade
Mulher do fim do mundo – Elza Soares
Roar – Katy Perry
Ain’t Got No / I Got Life – Nina Simone
AmarElo – Emicida feat Majur e Pabllo Vittar
You Are The Problem Here – First Aid Kit
Triste, Louca ou Má – Francisco, el Hombre
Dentro De Cada Um – Elza Soares
Pagu – Rita Lee e Zélia Duncan
Desconstruindo Amélia – Pitty
Imagine Dragons – Believer
Setevidas – Pitty
Fé na Luta – Gabriel o Pensador

🌣 ♊︎

MANDALA

Deuses dançam em seus próprios corpos
Novas flores se abrem esquecendo a Morte
Olhos celestiais acima do desconsolo da ilusão
Eu vejo o alegre Criador
Faixas se elevam em um hino aos mundos
Bandeiras e estandartes tremulando na transcendência
Uma imagem permanece no final com miríades de olhos na Eternidade
Esta é a Obra! Este é o Saber! Este é o Fim do homem!

SF, 2 de junho, 1959

ÁCIDO LISÉRGICO – poema escrito durante uma experiência com LSD promovida pelo departamento de pesquisas médicas da Universidade de Stanford, gravada, na qual eram mostradas gravuras, tocadas músicas, no estilo das sessões em voga nos anos 60. Mais tarde, Ginsberg escreveu um texto indignado, publicado em Poems All Over the Place, exigindo as gravações de volta e afirmando que as sessões eram um expediente da CIA para ficar sabendo da intimidade de pessoas que incomodavam ao sistema. Nesta série de poemas sob efeito de alucinógenos, pronomes pessoais, obrigatórios em inglês e dispensáveis em português, foram mantidos, pois está sendo relatado o confronto entre um “eu” e um “ele”, o indivíduo e um outro, mutante e ameaçador. Imagens do poema correspondem a estímulos visuais apresentados na sessão.

Allen Ginsberg – Uivo, kaddish e outros poemas. Tradução, seleção e notas de Claudio Willer. Ed. L&PM

Post com a colaboração de @laismeralda, que é a melhor cartomante do pedaço, marque sua consulta com ela.


2 de junho é o 153.º dia do ano no calendário gregoriano (154.º em anos bissextos). Faltam 212 dias para acabar o ano.


Se você leu até aqui, obrigada! Esse é o meu almanaque particular. Um pedaço do meu diário, da minha arca da velha, um registro de pequenas efemérides, de coisas que quero guardar, do tempo, do vento, do céu e do cheiro da chuva. Os Vestígios do Dia, meus dias. Aqui só tem referências, pois é disso que sou feita.

© Nalua – Caderninho pessoal, bauzinho de trapos coloridos, nos morros de Minas Gerais. Outono, e o mundo tá caindo.

Esta é a 47ª de 78 páginas que terá este almanaque