esses dias achei na minha caligrafia tua letra
Belo Horizonte, 14 de maio de 2023
☼ 16° – 26°
14 de maio é o dia que não acabou. Dia das Mães este ano. Em 1553 nasceu Margarida de Valois. Em 1944 nascia George Lucas, em 1952 David Byrne, e em 1969 estreava Cate Blanchett. Em 1974 o mundo ficava mais bonito com o nascimento de Thalma de Freitas. Em 1987 morria Rita Hayworth, em 1998 Frank Sinatra. Em 2015 tudo ficou mais chato quando B. B. King nos deixou. Em 2018 perdemos as palavras maravilhosas de Tom Wolfe. E 14 de maio em 2023 também não vai terminar.
mãe
terminou o tempo de sorrir
desculpa-me a morte das plantas
tatuei a tua antiga imagem loura
em todos os pulsos
que anjos inclinam de existires
perdi-me noite na planície branca
sobrevivente das madrugadas da memória
trocaram-me os dias
e as ruas de ancas verticais
e nas minhas mãos incompletas
trouxe-te um naufrágio
de flores cansadas
e o único jardim de amor
que cultivei de navios ancorados ao espaço
♣
Maria Teresa Horta – Antologia Poética
Na véspera de 14 de maio de 1958 escreveu a extraordinária mãe preta Carolina Maria de Jesus:
…Eu tenho tanto dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada:
—Viva a mamãe!
A manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Ela não tinha. Mandei-lhe um bilhete assim:—”Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa para os meninos. Hoje choveu e eu não pude ir catar papel. Agradeço. Carolina.”…Choveu, esfriou. E o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetáculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos.
E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual — a fome!
Carolina Maria de Jesus – Quarto de Despejo – Ed. Ática
Oráculos da Semana
Essa semana convidamos a Sacerdotisa. Arcano Maior, importante, uma moça cheia de facetas e mistérios. A Papisa. Aquela que observa em silêncio. A que precisa da pausa reflexiva para ver florescer. A que convoca para o mundo interior, a que traz intuições certeiras. A Alta Sacerdotisa tem muitas nuances, passa por vários estágios. Inclusive o estágio de mãe, o que seria ótimo neste dia. Mas o lado que precisamos prestar atenção nesta semana não é este. É um estágio anterior. O estágio em que a Papisa era filha. No tarô Mitológico, a Papisa é Perséfone, a filha mitológica por excelência. Hoje é Dia das Mães. Mas nem todos temos mãe. Nem todos somos mães. Quando a sacerdotisa saiu, pensei que era muito oportuno, para falar sobre as mães. Mas ela quis falar de outro tema: Filhos. E a carta complementar trouxe Os Erês, as crianças, os filhos da umbanda, confirmando que o assunto era mesmo outro. Então é com isso que lidaremos. Todos somos filhos. Nesta semana entraremos em contato com nossa parte filial, que atrás de si carrega toda ancestralidade do mundo.
A nossa parte filha é aquela que ainda precisa de cuidado, a parte que sofre, que tem ciúmes, faz birras. Aquela parte que você não deixa em liberdade total, pois ainda não confia na plena autonomia. Se você acredita que não tem nenhuma parte assim, pense de novo, todos somos e seremos filhos a vida inteira. E sempre é tempo de crescer emocionalmente e dar liberdade à essa parte. O que precisamos notar aqui é o que ainda não amadureceu, aquilo que, nos nossos 90 e tantos anos ainda não podemos soltar livremente. Talvez com toda razão, não possamos soltar pois é uma faceta danosa de nós mesmos, não queremos um psicopata solto por aí (risos). Algumas partes faz sentido manter guardadas. Dai-nos sabedoria para saber distinguir, não é?
Uma vez eu ouvi uma frase que me marcou: os filhos têm que ser melhores que os pais. Para o mundo, isso faz muito sentido. A cada geração seria ideal e necessário melhorar; eu gostaria que meus filhos fossem muito melhores que eu. Meus sobrinhos, torço para que sigam sempre se aperfeiçoando, o mundo precisa disso. E individualmente espero melhorar até morrer. Ocorre que esse parece não ser um conceito muito popular atualmente. Em geral as pessoas acham que está muito bem serem como são, que não devem se culpar por nada, que a responsabilidade é de tudo que não seja delas mesmas. Pensar assim torna difícil almejar algum aperfeiçoamento. Mas se não for para sermos melhores e deixar o mundo melhor, o que fazemos aqui então? Talvez tenhamos vindo a passeio, mas podemos catar o lixo enquanto isso.
Vamos refletir também sobre aquilo que aperfeiçoamos e que podemos melhorar desde a geração anterior. No que somos melhores que nossas mães? Talvez esse seja um bom jeito de homenagear qualquer mãe, de ajudar o filho que não teve mãe, ou que não teve uma mãe boa o suficiente, ou teve uma mãe danosa. Se a mãe não foi boa, o que seria mais oportuno que tornar-se alguém melhor? Sempre é sobre isso a nossa história, melhorar o que encontramos, aperfeiçoar o que nos foi dado. Não é o mundo que nos deve, nós é que devemos ao mundo.
No livro Pra Toda Vida Valer a Pena, Ana Cláudia Quintana Arantes diz que perder os pais é nunca mais se sentir a salvo. Que sentir-se seguro é diferente de se sentir a salvo. É para essa parte nossa que não se sente a salvo que precisamos olhar essa semana. Ser filho é vir carregado de muito passado. Vamos pensar nas nossas heranças tortas, aquelas não tão evidentes. Nossa ancestralidade fora da norma. Essa que também compõe pedaços do que somos. A parte esquisita que herdamos de nossas mães, talvez a sua pouca vontade de nos ter, talvez seu egoísmo, sua imaturidade, suas mentiras, suas enfermidades. Também destes cacos nosso vitral é feito.
Com certeza todos temos e fazemos alguma coisa melhor do que nossas mães, nossos pais. É esse o convite da semana. E se você acha que não existe nada que faça melhor, ainda dá tempo de aprender ou aperfeiçoar algo. Enquanto estamos vivos é sempre tempo de melhorar o mundo. Mas aqui é o futuro, mãe.
Feliz dia, filhos.
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A sacerdotisa representa a intuição, o conhecimento oculto e a sabedoria feminina, essa carta é um símbolo poderoso para quem busca respostas e orientação em sua vida. A sacerdotisa também é conhecida como a filha. Esse aspecto da carta pode trazer ainda mais profundidade e significado para as leituras de tarô. Essa faceta pode ajudar você em sua jornada espiritual. Antes de tudo, é importante entender que a sacerdotisa é uma figura arquetípica que representa a conexão com o divino feminino. Ela é a guardiã dos segredos antigos, a protetora dos mistérios da vida e da morte. Como tal, ela é uma fonte de sabedoria e orientação para quem busca compreender os mistérios do universo. Como filha, a sacerdotisa representa a inocência, a pureza e a curiosidade infantil. Ela é a criança que busca aprender sobre o mundo e sobre si mesma, sem julgamentos ou preconceitos. Ela é a luz que ilumina os caminhos escuros da vida, trazendo clareza e compreensão para quem está perdido ou confuso. Mas como filha a Sacerdotisa também tem um lado sombrio. Ela pode representar a vulnerabilidade, a dependência e a falta de autonomia. Ela pode ser a criança que se sente perdida e desamparada, que busca proteção e segurança em outros adultos. Ela pode ser a vítima que sofre abusos ou violência, sem ter a capacidade de se defender ou de buscar ajuda. Ou pode ser a adolescente rebelde sem causa que culpa o mundo todo por suas mazelas. Por isso, quando a sacerdotisa aparece como filha em uma leitura de tarô, é importante prestar atenção em como essa carta se manifesta no dia a dia. Ela pode indicar a necessidade de buscar orientação e proteção de figuras mais experientes e sábias. Ela pode indicar o momento de se conectar com a própria intuição e sabedoria interior, para encontrar respostas e soluções para os desafios da vida. E pode indicar que as inseguranças que sabemos serem infantis precisam ser trabalhadas pra que possamos continuar em um caminho que nos leve a uma vida mais plena de significados.
Os Erês vêm dizer no jogo que cada momento é único e um enigma a ser vivido, assim como o comportamento de um ser infantil, que a qualquer momento pode estar rindo ou chorando. Esta lâmina representa os espaços dentro de nós que precisam ser renovados e não podem ser preenchidos pelo nosso lado adulto, aflorando em nós a necessidade de fazer outras escolhas ou simplesmente ficar e bobeira e mudar aquilo que tira a leveza dos nossos dias. Não se preocupe com os julgamentos das pessoas à sua volta, permita-se ser livre para trazer a alegria e leveza dos Erês no seu caminho. ♣ Tarô de Umbanda (que não é realmente um tarô) |
Só quem é filho pode ler
Minha mãe. Ela está aqui, em sua cama, e, lá fora, os satélites no espaço sideral continuam a gravitar em torno dos planetas, as formigas vão carregando folhas verdes do canteiro que ela até outro dia cuidava com esmero, e o silêncio segue em luta para amordaçar os estalos da madeira desse assoalho que são, também, ecos sufocados dos nossos passos. Sobretudo dos meus, desses últimos dias, que me fazem ir até ela ininterruptamente, para traduzir seus gestos em pedidos, voltar a me sentar nessa poltrona, erguer-me de novo e caminhar em direção à janela, observar minha mãe outra vez, e, embora ela esteja aqui, e eu ali, sair em busca, na memória, daquela que eu vi tantas vezes fazer o meu agora mais leve, os braços que me ajudavam a tornar o passado mais passado e, assim, me resgatar para a consciência viva do instante. São ecos sufocados dos nossos passos, sim, sobretudo dos meus, dos últimos dias, quando voltei para cuidar de minha mãe – os dela, apenas os antigos, impregnados de ontem, reverberam no assoalho, esse assoalho que a sola de seus pés, antes de calçarem as velhas sandálias todas as manhãs, já deixaram de tocar.
Minha mãe. Ela ainda está aqui, apesar de ignorar que já foi embora. E nada é mais forte que a sua presença, nesse instante, em mim. Nenhum momento, nem o mais sublime que eu vivi, pode superar o agora. Mesmo sendo este agora o que mais me dói – o minuto inicial da saudade.
♣
João Anzanello Carrascoza
Ler & Assistir no dia que nunca acabou |
Esse tema de filhos e mães me deu a oportunidade de indicar obras que são das minhas preferidas da vida inteira. Livros, HQ, Documentário, Série. Em todas essas categorias apareceram obras que me tocaram profundamente, que são incomparáveis em toda minha história como leitora, espectadora, etc. Obras que são quase sagradas pra mim. Coincidiu de muitas falarem sobre esse tema. Na verdade eu separei o dobro de coisas para indicar que tem a ver com os oráculos da semana. Tem muita coisa boa. Muita mesmo. Mas vou ficar só nestes, já é até demais.
Livros
O Clube do Livro do Fim da Vida – Will Schwalbe. Esse é o meu segundo livro preferido. É meu livro conforto, aquele que não canso de ler. É a história que eu gostaria de viver um dia. É assim que eu gostaria de morrer. Infelizmente não dá mais tempo e não tenho a fibra de ser nem parecida com a mulher desse livro, essa pessoa que é tão admirável, porque retratada através dos olhos de um filho. É o livro que me acompanha na vida. Não tenho como recomendar mais. Mas nem esperem nada bombástico, é um livro bastante prosaico.
O Clube do Livro do Fim da Vida é um livro emocionante e inspirador de Will Schwalbe, que conta a história de como ele e sua mãe, Mary Anne, criaram um clube do livro particular durante os últimos meses de vida dela. Diagnosticada com câncer de pâncreas, Mary Anne decide aproveitar o tempo que lhe resta para ler os livros que sempre quis e compartilhar suas impressões com seu filho. Juntos, eles exploram obras de diversos gêneros e autores, desde clássicos como Odisseia e A Montanha Mágica até best-sellers como A Garota com Tatuagem de Dragão e A Cabana. A cada livro, eles descobrem novas perspectivas sobre a vida, a morte, a fé, a família e o amor. O Clube do Livro do Fim da Vida é uma homenagem à literatura e ao poder transformador dos livros. É também um relato comovente de uma relação mãe e filho que se fortalece diante da adversidade e da finitude. Um livro para quem ama ler e para quem valoriza os momentos preciosos que passamos com quem amamos.
Afetos Ferozes – Vivian Gornick. Indico pois faz um paralelo feminino com o livro acima. Mas é um livro muito mais feroz. É a história de uma filha, o relato desta filiação a uma mãe que não é nunca o que espera a personagem. É um relato biográfico muito interessante, ainda muito atual e comovente.
Afetos Ferozes é um livro da escritora Vivian Gornick que, em poucas palavras, pode ser resumido como uma obra sobre relações humanas. Mas, como bons leitores, sabemos que não podemos parar por aí. A autora consegue, com muita habilidade, descrever as nuances e complexidades das relações entre amigos, amantes e familiares. Ela utiliza sua própria vida como exemplo, mas de uma forma que não soa pretensiosa ou egocêntrica. Pelo contrário, a narrativa é tão envolvente que nos faz sentir como se estivéssemos conversando com uma amiga próxima. Um dos pontos altos do livro é a forma como Gornick aborda a relação mãe e filha. Ela descreve de forma honesta e crua a dinâmica entre as duas, mostrando como a mãe muitas vezes projeta suas próprias frustrações e desejos na filha. É uma leitura que pode ser dolorosa para quem se identifica com essas questões, mas ao mesmo tempo é reconfortante saber que não estamos sozinhos.
Outro tema recorrente em Afetos Ferozes é a solidão. A autora mostra como é possível estar cercado de pessoas e ainda assim sentir-se sozinho. Ela descreve a sensação de estar em uma festa cheia de conhecidos, mas ainda assim sentir-se deslocado. É um sentimento que muitos de nós já experimentamos e que Gornick consegue descrever de forma muito precisa. Apesar de tratar de temas pesados, o livro não é deprimente. Muito pelo contrário, ele é repleto de humor e ironia. A autora consegue rir de si mesma e das situações mais constrangedoras que viveu. Isso torna a leitura muito mais agradável e nos faz sentir que, apesar de tudo, é possível encontrar alegria nas pequenas coisas.
Filme
Noite de Desamor: Uma reflexão sobre a vida e a morte. Indico pois é um filme sensacional sobre um tema profundo e delicado. Esse filme me tocou muito, está entre os meus filmes preferidos da vida. Acho que é um filme subestimado, pouco visto e pouco falado. Mas na minha opinião vale demais conhecer. A abordagem sobre a relação mãe e filha é única. Mas não só isso, também fala do que é ser filha e desamparada, do significado de família, de solidão, de depressão e tal.
Noite de Desamor é um filme dirigido por Tom Moore e lançado em 1986. A história é baseada na peça teatral homônima de Marsha Norman, que também escreveu o roteiro do filme. A trama gira em torno de uma mãe e sua filha, que decide cometer suicídio naquela noite. O filme é uma reflexão profunda sobre a vida e a morte, e como lidamos com essas questões. Através da forte atuação de Sissy Spacek e Anne Bancroft, que interpretam respectivamente a filha Jessie e a mãe Thelma, somos levados a uma jornada intensa. A história se passa inteiramente dentro da casa da família, o que torna a experiência ainda mais claustrofóbica e angustiante. A filha Jessie, que sofre de epilepsia e depressão, decide que vai cometer suicídio naquela noite. Ela começa a arrumar suas coisas e a se preparar para a morte, enquanto sua mãe tenta desesperadamente convencê-la a desistir. O filme aborda temas como doença mental, relacionamentos familiares e a importância da comunicação. Jessie sente que sua vida não tem sentido e que não há mais nada que possa fazer para mudar isso. Ela não vê futuro para si mesma e acredita que o suicídio é a única saída. Sua mãe, por outro lado, não consegue entender como sua filha pode querer morrer e tenta encontrar uma forma de salvá-la. É um filme emocionante e intenso, que nos faz refletir sobre a vida e a morte. Fala sobre estar presente na vida das pessoas que amamos, e como a comunicação pode fazer toda a diferença. Jessie se sente sozinha e desesperada, e não consegue encontrar uma forma de se conectar com sua mãe. Thelma, por sua vez, não consegue ver além do próprio ponto de vista e não consegue entender a dor da filha.
O filme é um alerta para a importância da empatia e da compaixão. Ele nos mostra que, muitas vezes, as pessoas que estão ao nosso redor estão sofrendo em silêncio, e que é preciso estar atento aos sinais de que algo não está bem. Night, Mother é um filme que nos faz pensar e refletir sobre nossas próprias vidas, e sobre o que podemos fazer para torná-las mais significativas. A atuação de Sissy Spacek e Anne Bancroft é impressionante, e a história nos leva a uma jornada de intensa reflexão.
História em Quadrinhos
Você é Minha Mãe? – Alison Bechdel. Também é minha HQ preferida. Todo mundo gosta mais do outro livro da Alison Bechdel, o Fun Home, que fala do pai dela. Mas eu prefiro esse quadrinho, sobre a mãe da autora. Sobre as duas, sobre o relacionamento delas. Eu nem sei explicar como gosto dessa HQ, como ela é bem desenhada, bem escrita, deliciosa de ler.
Você é Minha Mãe? é um livro de memórias em quadrinhos da autora americana Alison Bechdel, publicado em 2012. Nesta obra, Bechdel explora sua relação complexa e distante com sua mãe, uma professora e atriz amadora que nunca aceitou sua homossexualidade. Ao mesmo tempo, ela reflete sobre sua própria busca por identidade e sentido na vida, recorrendo a teorias psicanalíticas, literatura e arte. O livro é uma continuação de Fun Home, o aclamado romance gráfico de Bechdel sobre seu pai, um diretor de funerária e professor que se suicidou após revelar sua homossexualidade enrustida. Em Você é Minha Mãe?, Bechdel tenta entender por que sua mãe sempre foi fria e crítica com ela, e como isso afetou sua autoestima e suas escolhas amorosas. Ela também mostra como sua mãe influenciou seu desenvolvimento como escritora e artista, apesar de suas diferenças. Você é Minha Mãe? é um livro emocionante e profundo, que mistura humor e drama, realidade e ficção, autobiografia e análise. Bechdel usa seu talento para o desenho e a narrativa para criar uma obra original e cativante, que explora temas universais como o amor materno, a identidade sexual, a criatividade e a morte.
Documentário
No Intenso Agora – João Moreira Salles 2017. Se não é meu documentário preferido empata com algum outro que não lembro agora. É um documentário conforto também, que não canso de ver. Delicado, político, bonito, bem feito, bem narrado. É a história deum filho contando sobre uma mãe, buscando uma mãe que não está ali mais. E ao mesmo tempo destrinchando o significado político de uma epoca que mudou tudo. Também não poderia indicar mais.
No Intenso Agora é um documentário brasileiro de 2017, dirigido por João Moreira Salles. Através de imagens de arquivo, João Moreira Salles elabora não apenas um filme, mas as memórias de Elisa Moreira Salles, sua própria mãe, além de reconstituir acontecimentos que marcaram o século XX, registrados em vídeos amadores por ela. Esse é o mote de “No Intenso Agora”. Partindo da revolução cultural implementada por Mao Tsé-Tung, na China, o filme – narrado pelo próprio João Moreira Salles – apresenta imagens feitas de maneira informal por Elisa, em meio a uma realidade totalmente diferente da que ela vivia. Surpreendendo o que o próprio filho esperava da mãe, suas impressões configuram profunda admiração pelo que estava diante de seus olhos e de sua câmera. Passando para os registros feitos em maio de 1968 em Paris, onde a família Moreira Salles residia, o diretor também se utiliza de gravações feitas por fontes distintas – além das filmagens da sua mãe – para tentar reconstituir a força do movimento estudantil da época, que culminou em uma greve geral que parou o país. A narrativa busca refletir sobre o que teria levado a esse estopim. Outro momento histórico analisado através de imagens gravadas por Elisa – também complementadas por vídeos de outros autores – foi a Primavera de Praga, na então Tchecoslováquia. O filme traz ainda imagens breves do Brasil da época. “No Intenso Agora” constrói, a partir dessas memórias registradas em vídeo, um olhar diante dos detalhes e traça considerações relevantes sobre questões como raça, cultura, liberdade, repressão e sistemas de vida. Também mira em inconsistências, que muitas vezes passariam despercebidas. Assim, João Moreira Salles desloca-se entre o afeto pela própria mãe, o desapontamento com os contrassensos históricos e a admiração pelo utópico desejo de mudança que esses movimentos compartilhavam.
Série
This Is Us. Recomendo, mas imagino que todo mundo deve ter visto já. É uma série sobre família, mas é principalmente sobre um trio de filhos. É a vida dos filhos, é como eles são ecomo vivem porque calhou de terem aqueles pais. Kate, Kevin e Randall são os filhos da mãe, são os filhos do pai. E é uma série absorvente, bonita, bem feita, embora tenha suas questões um pouco complicadas. Mas cumpre o papel de entretenimento muito bem, você tem companhia por muito tempo se quiser assistir.
This is Us é uma série de televisão americana que estreou em 2016 e rapidamente se tornou um sucesso de público e crítica. A série segue a vida de uma família americana comum ao longo de várias décadas, mostrando as alegrias, tristezas, desafios e conquistas que eles enfrentam juntos. A história começa com o aniversário de 36 anos de três irmãos gêmeos, Kevin, Kate e Randall, que estão lidando com seus próprios problemas pessoais. Kevin é um ator de sucesso que está cansado de interpretar o mesmo papel em uma série de televisão, Kate luta com problemas de peso e autoestima, enquanto Randall, que foi adotado quando bebê, está em busca de seu pai biológico.
Ao longo dos episódios, a série explora temas complexos como amor, perda, adoção, identidade, racismo e saúde mental. A história é contada em diferentes linhas do tempo, mostrando a infância dos personagens e como suas experiências moldaram suas vidas adultas. Uma das principais características da série é a forma como ela aborda os relacionamentos familiares. Os personagens são retratados de forma realista e complexa, com falhas e virtudes. A série mostra como as relações familiares podem ser complicadas, mas também como elas podem ser profundamente gratificantes. Outro aspecto marcante da série é a forma como ela lida com temas sensíveis. Por exemplo, a série aborda a obesidade de forma honesta e sem estereótipos, mostrando como ela pode afetar a vida de uma pessoa em vários aspectos. Além disso, a série também aborda a saúde mental, mostrando como a depressão e a ansiedade podem afetar a vida de uma pessoa e como é importante buscar ajuda. This is Us também é conhecida por seus momentos emocionantes e surpreendentes. A série é capaz de fazer o público rir e chorar em um mesmo episódio, mostrando como a vida pode ser imprevisível e como as pessoas são capazes de superar desafios. Essa série já se tornou um clássico da televisão americana.
Links
Um post antigo que fiz sobre minha mãe.
14 de maio é o dia que não acabou
14 de maio é o 134.º dia do ano no calendário gregoriano (135.º em anos bissextos). Faltam 231 dias para acabar o ano.
Nós olhamos para o mundo uma vez, na infância. Louise Glück |
Se você leu até aqui, obrigada! Esse é o meu almanaque particular. Um pedaço do meu diário, da minha arca de referências, um registro de pequenas efemérides, de coisas que quero guardar, do tempo, do vento, do céu e do cheiro da chuva. Os Vestígios do Dia, meus dias.
© Nalua – Caderninho pessoal, bauzinho de trapos coloridos, nos morros de Minas Gerais. Outono, graças aos céus. |