os derradeiros moicanos

Belo Horizonte, 25 de fevereiro de 2024

🌤️ 20° – 30°


25 de fevereiro é aniversário da Tia Nini. É dia de Nut, deusa do céu e guardiã das estrelas. Em 1869 foi abolida a escravatura em todos os domínios portugueses. Em 1904 o território do Acre foi incorporado ao Brasil. Em 1981 Luiz Inácio Lula da Silva e outros 12 sindicalistas de São Bernardo do Campo foram julgados por incitamento à greve no ABC paulista e condenados a três anos de prisão. Nasceram neste dia, em 1943 George Harrison, em 1949 Amin Maalouf, em 1950 Neil Jordan. Num 25 de fevereiro deixou a terra, em 1945 Mário de Andrade, Tennessee Williams pegou o Bonde desejo em 1983, Caio Fernando Abreu fez a viagem de volta em 1996 e em 2014 silenciou o violão de Paco de Lucía.


Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

♦️

Carlos Drummond de Andrade


Em 25 de fevereiro de 2006 Rafael Chirbes escreveu em seu diário:

Ontem, em Benigembla, a luz cristalina do inverno, os pinheiros que a chuva acabou de lavar, as oliveiras com o seu brilho de aço ou prata, e as amendoeiras literalmente cobertas de rosa, branco, formando com as suas fileiras sucessivas cortinas coloridas, caminhando entre eles, caminhando pelo interior de uma delicada estampa japonesa, tendo a sensação de estar dentro de um sonho oriental. Que formosura. Ao fundo, os guindastes das casas em construção, no ar o rumor dos planos urbanísticos que, se concretizados, porão fim a tudo isto, enchendo o fundo do vale de edifícios como, em muitos locais, começaram a ocupar as encostas das montanhas. De volta a casa, no rádio: Beethoven: “Romance para Violino e Orquestra No 2.”
Passo a tarde lendo o romance: vejo uma solução difícil. Salvam-se alguns parágrafos em que parece que esta expedição se organiza em busca da verdade: barulho de bagagens, barulho de animais de carga nas cavalariças, azáfama de tropeiros e carregadores enquanto os viajantes apressam o jantar e se preparam para embarcar nos seus carros, quartos para descansar, antes do que será um longo dia. O resto é chato, blá, blá, blá.

Em 25 de fevereiro de 2008 escreve ainda:

Desordem mental. Depressão. Estou convencido de que terei que destruir o romance. Enterrá-lo em uma gaveta. Aguardo – convencido de que será negativa – a opinião dos meus amigos C. e J., e a do outro J.

Rafael Chirbes – Diarios. A ratos perdidos 3 y 4. Editorial Anagrama;  Rafael Chirbes – Diarios. A ratos perdidos 5 y 6. Editorial Anagrama


 “Tende cautela e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porquanto a vida de uma pessoa não se constitui do acúmulo de bens que possa conseguir

Lucas 12:15

A Hora não é da Estrela

Tudo são ciclos, a única constante da vida é a mudança, já nos ensinava a Roda da Fortuna. E para afirmar isso, essa semana a carta que surgiu foi o Cinco de Ouros, nos afastando um pouco do ciclo de alegrias.
Esse arcano, depois do baralho Smith-Waite, passou a significar miséria, ruína, perdas. O desenho da carta clássica é muito sugestivo de pobreza, de ruína, de desvalia. São dois mendigos sob uma tempestade de neve que passam diante de um vitral iluminado, nas palavras do próprio Waite. Essa carta então evoca pobreza, mendicância. Mendicância é pelo que falta.

O ex-presidente uruguaio José Mujica tem uma frase que ecoa demais em mim:

Pobre é quem precisa muito.

Necessitar desesperadamente de algo nos torna pobres. Essa carta me lembra muito também uma parábola da tradição hindu, chinesa, japonesa, não sei ao certo; sobre os fantasmas famintos. Eles são seres macilentos, com imensas barrigas, pescoços finíssimos e bocas minúsculas. Por mais que comam nunca conseguem se saciar e sua existência é pautada pela busca dessa saciedade, estão em permanente fome, eternamente atormentados e desesperadamente infelizes. Essa mitologia nos leva para a questão de que estamos permanentemente em falta, a falta nos constitui.

O Cinco de Ouros nos leva a pensar naquela parte de nós que sofre tanto de falta que é pobre. Mais do que pobre, a falta que o arcano evoca nos lembra que em algum momento somos pobres diabos, somos aquela figura que mais do que pobre, é um pobre diabo. A miséria do pobre diabo é diferente da miséria do simplesmente pobre. O pobre diabo não carece só de coisas materiais, o pobre diabo carece de princípios, de dignidade, de honra e de valor próprio. E em algum momento da nossa vida seremos assim, agiremos assim; a vida parecerá uma grande devedora nossa. Seremos os pobres diabos.

É para isso que o Cinco de Ouros quer que demos atenção nessa semana. Para aquela parte desnecessariamente faminta de nós mesmos, aquela parte que consome, que come, joga, fofoca, faz sexo etc., de maneira desenfreada. Precisamos estar atentos a tudo aquilo que fazemos e que nos torna pobres diabos, que nos joga no reino da falta eterna. Tudo aquilo que é o excesso que nos torna pobres.

O Cinco também está falando sobre a nossa falta estrutural. Somos seres da falta, nunca vamos encontrar a completude, isso é um dado da existência. Seria ótimo aprender a descansar na falta, como dizem os psicanalistas. Parar de querer preencher o vazio e aceitar que sempre sentiremos a ausência de algo. Mas não somos tão simples assim e em nome desse buraco no peito as piores coisas têm sido feitas pelos seres humanos. E as melhores também.

Mas quando esse arcano se manifesta em nossa vida tendemos a não assumir a responsabilidade por nada do que está acontecendo. Nos sentimos coitadinhos, pobrezinhos, vítimas inocentes do destino, da vida, do outro, da sociedade, etc. O Cinco de Ouros inclusive pode nos fazer cair em vícios de verdade. Vícios complicados e destrutivos. Pode fazer com que entremos numa espiral de auto destruição da qual pode ser muito complicado sair. O Cinco de Ouros pode se transformar no Diabo, os mendigos passam pela igreja mas estão fora dela, estão no terreno do Diabo.

Sob o signo do Cinco de Ouro somos os incompreendidos, os injustiçados. É claro que na vida às vezes somos mesmo vítimas. A sociedade em que vivemos é uma grande droga, é um sistema vitimizador em tempo quase integral, mas não é essa a mesagem do Cinco de Ouros.

O Cinco de Ouros nos fala justamente da situação contrária, daquela em que nos transformamos em pobres diabos, pobres coitados de nós mesmos. Nem é preciso destrinchar muito mais essa situação, eu tenho certeza que todos conseguimos identificar esse momento que temos de coitadismo e que é muito ruim e só nos atrasa. Esse arcano reresenta isso, a falta, a pobreza, a miséria. Todas de alguma maneira auto inflingidas.
Queremos ser dignos e nos lançamos na lama da escassez, da autopiedade e queremos que o mundo tenha pena de nós. Mas quando o Cinco de Ouros aparece a responsabilidade de endireitar as coisas é nossa, está em nossas mãos sair desse poço de miséria e chorume. Dessa vez não poderemos culpar o capitalismo, a mãe castradora, a infância complicada ou o pai ausente. Aliás nem se trata de culpa, se trata de entender que não somos pobres coitados, não somos pobre diabos. Temos agência, bastante até. Vamos sair do banquinho do choro, pedir as bençãos do Rei de Copas e crescer, e ir viver. Como adultos.
Boa semana fantasminhas.

O cinco de ouros é uma carta do tarô que carrega consigo significados profundos e simbólicos. Esta carta está associada à energia da escassez, da perda e da dificuldade financeira. E também pode representar desafios emocionais e espirituais. Quando o cinco de ouros surge em uma leitura de tarô, ele pode indicar que a pessoa está passando por um período de dificuldades financeiras. Pode ser um momento de escassez, de perda de recursos ou de instabilidade econômica. Esta carta nos lembra que todos passamos por momentos difíceis em nossas vidas e que é importante buscar apoio e orientação para superar esses desafios. Além do aspecto material, o cinco de ouros também pode apontar para um sentimento de desamparo e isolamento. A pessoa pode se sentir desprotegida, desamparada ou excluída. É importante lembrar que, mesmo nos momentos mais difíceis, não estamos sozinhos e que sempre há pessoas dispostas a nos ajudar. Esta carta nos encoraja a buscar apoio emocional e a nos conectar com aqueles que nos amam e nos apoiam. No plano espiritual, o cinco de ouros fala sobre o significado mais profundo da abundância e da prosperidade. Nem sempre a riqueza material é um indicativo de felicidade e plenitude. Esta carta nos lembra que a verdadeira riqueza reside em nossa conexão com o divino, em nossa capacidade de amar e ser amados, e em nossa busca por significado e propósito na vida. Quando nos deparamos com o cinco de ouros em uma leitura de tarô, é importante encarar seus ensinamentos com coragem e determinação. Mesmo nos momentos mais sombrios, há luz e esperança à nossa espera.

Um texto nem aconchegante

Pobres diabos sempre com fome — ou com fome de almoço, ou com fome de celebridade, ou com fome das sobremesas da vida. Quem os ouve, e os não conhece, julga estar escutando os mestres de Napoleão e os instrurores de Shakespeare.
Há os que vencem no amor, há os que vencem na política, há os que vencem na arte. Os primeiros têm a vantagem da narrativa, pois se pode vencer largamente no amor sem haver conhecimento célebre do que sucedeu. É certo que, ao ouvir contar a qualquer desses indivíduos as suas Maratonas sexuais, uma vaga suspeita nos invade, pela altura do sétimo desfloramento. Os que são amantes de senhoras de título, ou muito conhecidas (são, aliás, quase todos), fazem um tal gasto de condessas que uma estatística das suas conquistas não deixaria sérias e comedidas nem as bisavós dos títulos presentes.
Outros especializam no conflito físico, e mataram os campeões de boxe da Europa numa noite de pândega, à esquina do Chiado. Uns são influentes junto de todos os ministros de todos os ministérios, e estes são aqueles de que menos há que duvidar, pois não repugna.
Uns são grandes sádicos, outros são grandes pederastas, outros confessam, com uma tristeza de voz alta, que são brutais com mulheres. Trouxeram-nas ali, a chicote, pelos caminhos da vida. No fim ficam a dever o café.
Há os poetas, há os (…)
Não conheço melhor cura para toda esta enxurrada de sombras que o conhecimento direito da vida humana corrente, na sua realidade comercial, por exemplo, como a que surge no escritório da Rua dos Douradores. Com que alívio eu volvia daquele manicómio de títeres para a presença real do Moreira, meu chefe, guarda-livros autêntico e sabedor, mal vestido e mal tratado, mas, o que nenhum dos outros conseguia ser, o que se chama um homem…
s.d.

Livro do Desassossego – Bernardo Soares – Cia das Letras

Alimente os fantasmas

Essa semana foi muito complicada pra mim, foi corrida, eu estive doente, com muito trabalho, muitas tarefas fora do trabalho e alguma dose de aborrecimento. Uma semana bem pobre-diabo, risos. Por isso a minha imaginação não foi muito longe e as indicações não estão como eu gostaria. Mas é isso, faz parte do simbolismo da carta. De todo modo dá para tirar bastante diversão do que vai aí como indicação para pensarmos o Cinco de Ouros.

Livros

Memórias do Subsolo – Fiódor Dostoievski. Eu já indiquei esse livro. Mas quando penso em pobre diabo, o primeiro de todos que me vem à cabeça é o personagem desse livro. E ele ainda por cima é um pobre diabo que sabe bem que é um pobre diabo e sabe porque é um coitado. Ele sabe que se faz de vítima, que quer que sintam pena dele. É o mais lúcido dos pobre coitados da literatura. E é adorável e detestável na mesma medida. Por isso indico de novo, não seria possível falar do Cinco de Ouros e não indicar esse livro.


Novela que traz vários temas que aparecem em obras maduras de Dostoiévski, como Crime e castigo e Os irmãos Karamázov , Memórias do subsolo é considerado por muitos como o ponto de virada na carreira do autor. Lançado originalmente em 1864, enquanto Dostoiévski morava em Moscou e sua esposa estava nas últimas semanas de vida, Memórias do subsolo é considerado por muitos o ponto inicial da segunda fase do autor ― na qual publicaria suas mais aclamadas obras. Alienado da sociedade e paralisado pelo peso da própria insignificância, o narrador deste livro conta a história de sua conturbada vida. Com fina ironia, ele relata sua recusa em se tornar mais um trabalhador e seu gradual exílio da sociedade que o cerca. Escrita em poucas semanas, esta novela arrebatadora explora, com a maestria única de Dostoiévski, as profundezas do desespero humano.


A Hora da Estrela – Clarice Lispector. Macabéa, tadinha da Macabéa não é? Uma pobre coitada, que não conseguiu sair desse papel. Ou melhor, saiu da maneira mais definitiva. Impossível não ter amor, pena e raiva ao mesmo tempo dessa menina frágil, delicada e pobrezinha! A leitura desse livro mostra a trajetória de um Cinco de Ouros perfeitamente. Penso nele tambem porque é um livro maravilhoso, nossa literatura, e é uma leitura muito emocionante. Clarice é indispensável, como escrevia essa mulher. 


Último livro escrito por Clarice Lispector, A hora da estrela é também uma despedida. Lançada pouco antes de sua morte em 1977, a obra conta os momentos de criação do escritor Rodrigo S. M. (a própria Clarice) narrando a história de Macabéa, uma alagoana órfã, virgem e solitária, criada por uma tia tirana, que a leva para o Rio de Janeiro, onde trabalha como datilógrafa. Em A hora da estrela Clarice escreve sabendo que a morte está próxima e põe um pouco de si nas personagens Rodrigo e Macabéa. Ele, um escritor à espera da morte; ela, uma solitária que gosta de ouvir a Rádio Relógio e que passou a infância no Nordeste, como Clarice. A despedida de Clarice é uma obra instigante e inovadora. Como diz o personagem Rodrigo, “estou escrevendo na hora mesma em que sou lido”. É Clarice contando uma história e, ao mesmo tempo, revelando ao leitor seu processo de criação e sua angústia diante da vida e da morte. Macabéa, a nordestina, cumpre seu destino sem reclamar. Feia, magra, sem entender muito bem o que se passa à sua volta, é maltratada pelo namorado Olímpico e pela colega Glória. Os dois são o seu oposto: o metalúrgico Olímpico sonha alto e quer ser deputado, e Glória, carioca da gema e gorda, tem família e hora certa para comer. Os dois acabam juntos, enquanto Macabéa, sozinha, continua a viver sem saber por que está vivendo, sem pensar no futuro nem sonhar com uma vida melhor. Até que um dia, seguindo uma recomendação de Glória, procura a cartomante Carlota, uma ex-prostituta do Mangue, que revela a Macabéa toda a inutilidade de sua vida. Mas também enche-a de esperança, prevendo a paixão por um estrangeiro rico, com quem ela iria se casar.


Filme

Blue Jasmine – Woody Allen – 2013. Jasmine também é uma pobre coitada. Também é possível ver a lógica do Cinco de Ouros na trajetória dela. Aliás, Woody Allen tem mais bons personagens pobre coitados, que estão mergulhados nesta lógica. Tem alguns filmes que tratam dos pobres coitados e dos fantasmas famintos, eu podia ter indicado, por ex, o Coringa, A Baleia (que eu não gostei), e Amnésia, (que odiei, deve ser o filme que mais detesto). Fica aí a menção, também dá pra ver o Cinco de Ouro neles, mas em todos tem algum outro fator que não deixa ser um cinco de ouros pleno. Na Baleia é o Luto, no Coringa a doença mental, em Amnésia também. Mas em Blue Jasmine não, é só uma ex rica com muita pena de si mesma. Também tem as versões de Um Bonde Chamado Desejo. Blanche DuBois também é um exemplo de pobre coitada, de vítima que se vitimiza a si própria. Fica essa indicação também. Jessica Lange e Vivien Leigh são ambas magníficas Blanches. Acho que não pensei nesses filmes de cara pois adoro demais essa história, mas fica a recomendação dos filmes, os dois. 


O filme Blue Jasmine, dirigido por Woody Allen, é uma obra que retrata a decadência social e emocional de uma mulher da alta sociedade de Nova York. Lançado em 2013, o filme recebeu aclamação da crítica e foi indicado a diversos prêmios, incluindo o Oscar de Melhor Atriz para Cate Blanchett, que interpretou o papel principal. A trama gira em torno de Jasmine, uma mulher rica e sofisticada que vê sua vida luxuosa desmoronar quando seu marido, Hal, é preso por fraude financeira. Completamente desamparada, Jasmine é forçada a deixar Nova York e se mudar para São Francisco, onde passa a viver com sua irmã adotiva, Ginger, em um modesto apartamento. A narrativa do filme é habilmente construída por Woody Allen, que alterna entre flashbacks do passado glamouroso de Jasmine e a realidade dura e desoladora que ela enfrenta no presente. A atuação de Cate Blanchett é brilhante, transmitindo de forma convincente a complexidade emocional da personagem, que oscila entre momentos de arrogância e desespero. Ao longo do filme, somos confrontados com a triste realidade de Jasmine, que se vê incapaz de se adaptar à sua nova condição social e financeira. Sua relação conturbada com Ginger e seu círculo de amigos e amantes reflete as profundas fissuras em sua própria personalidade, revelando uma mulher fragilizada e desesperada por manter as aparências.


Documentário

Grey Gardens. David Maysles e Albert Maysles – 1975. Um documentário sensacional  e interessantíssimo. Grey Gardens vale à pena demais ser visto. Eu já vi duas vezes e nas duas fiquei assombrada tanto com a história quanto com o documentário em si, de tão bom que é. As duas moradoras da mansão abandonada são a própria personificação do Cinco de Ouros, até o cartaz do filme ecoa o clima da carta desenhada por Pamela Smith. Recomendo demais, é um dos melhores documentários que já vi. Existe um filme também, com a Drew Barrymore, mais moderno. Mas eu não vi. Deixo o comentário só por curiosidade.


Um documentário cuja história gira em torno de duas ex-socialites, tia e prima de Jacqueline Kennedy, que vivem reclusas numa mansão decadente na região de Nova York. Em 1973, um escândalo ocupou as manchetes dos jornais americanos. Alegando falta de condições sanitárias as autoridades locais tentaram expulsar mãe e filha de Grey Gardens, uma mansão decadente na zona de luxo de East Hampton, a cerca de 160 quilómetros de Nova Iorque. Seria uma notícia banal, não fossem elas as ex-socialites Edith Bouvier Beale e a sua filha Edie, respectivamente tia e prima de Jacqueline Kennedy Onassis. Dois anos depois, Big Edie e Little Edie, como eram conhecidas, abrem as portas para os documentaristas Albert e David Maysles. Câmera e microfone em punho, eles revelam as excentricidades de duas mulheres que vivem isoladas há mais de 20 anos num documentário considerado pela academia o segundo dos 100 melhores documentários produzidos no século XX!


Série

Acumuladores Compulsivos – Dave Severson – 2009. Segundo meu marido, em japonês existe uma máxima que diz que quem acumula muito vidro e muita madeira é pobre. Seria uma pessoa bimbo. Uma pessoa pobre. É sobre isso e sobre muito mais essa série, que é daquelas ame ou odeie. Eu amo. Por vários motivos, e um deles é que minha mãe vinha aqui pra minha casa assistir comigo, pois meu pai tinha e tem repulsa desta série. Eu desconfio que ela também não gostava tanto, mas vinha só pra me fazer companhia e a gente conversar. Entendo demais quem tem repulsa, essa série pode ser nojenta mesmo. Mas ao mesmo tempo, me fascina essa fome enlouquecida que têm os acumuladores. Uma fome, uma compulsão que não se sacia nunca. No caso dos hoarders, é uma doença. Mas eu penso que é uma doença que tem em seu início um encontro nefasto com o cinco de paus. Toda compulsão também é um encontro com o Cinco de Ouros. Embora não só, o Diabo, entre outras, também participa dos vícios. Eu recomendo a série, mas estejam avisados que ela pode ser bem repulsiva. 


Hoarders (no Brasil, Acumuladores Compulsivos) é um reality show norte-americano que estreou no A&E. O reality retrata as lutas da vida real e o tratamento de pessoas que sofrem de acumulação compulsiva. A série estreou em 17 de agosto de 2009 e concluiu sua versão original em 4 de fevereiro de 2013, após seis temporadas. Mais de um ano após o cancelamento original do programa em 2013, o canal Lifetime começou a exibir em 2 de junho de 2014, a série “Where Are They Now?” semanalmente, isso levou à produção de uma sétima temporada, Hoarders: Family Secrets, que foi exibida pela Lifetime de 28 de maio de 2015 a 30 de julho de 2015. O programa voltou a ser apresentado pelo A&E em sua oitava temporada, que estreou em 3 de janeiro de 2016. Uma segunda parte da oitava temporada estreou em 21 de agosto de 2016, sob o título: Hoarders: Then and Now. Cada transmissão apresenta um episódio de temporadas anteriores, terminando com uma visita atual a um dos seus acervos por terapeuta ou organizador que trabalhou com o acumulador. Entrevistas com o avaliador e sua família revelam como suas vidas progrediram desde a sua primeira aparição no reality. A nona temporada estreou em 19 de dezembro de 2016. Alguns episódios durante esta temporada, sob o título de Hoarders: Overload, apresentam versões estendidas de episódios das temporadas anteriores, que incluem imagens anteriormente não exibidas e atualizações sobre o tema.


♫ Playlist

Os Derradeiros Moicanos – Belchior
Romaria dos Desvalidos – Charme Chulo
Romaria – Elis Regina
Minha história – Chico Buarque
Cafezinho – Doris Monteiro
A Cachaça e o Cigarro – Caju e Castanha
Clandestino – Manu Chao
Sulamericano – Baiana System


“Há sempre algo de ausente que me atormenta.”

Camille Claudel

Post com a colaboração de @tariq e @laismeralda, que é a melhor cartomante do pedaço, marque sua consulta com ela.


Se você leu até aqui, obrigada! Esse é o meu almanaque particular. Um pedaço do meu diário, da minha arca da velha, um registro de pequenas efemérides, de coisas que quero guardar, do tempo, do vento, do céu e do cheiro da chuva. Os Vestígios do Dia, meus dias. Aqui só tem referências, pois é disso que sou feita.


25 de fevereiro é o 56.º dia do ano no calendário gregoriano. Faltam 309 dias para acabar o ano (310 em anos bissextos).

© Nalua – Caderninho pessoal, bauzinho de trapos coloridos, nos morros de Minas Gerais. Verão

Esta é a 41ª de 78 páginas que terá este almanaque.