as mentiras são as espirais

Belo Horizonte, 15 de outubro de 2023

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15 de outubro é Dia do Professor. Estou cercada de professores, quase todas as pessoas que mais amo são professores. É a profissão que eu deveria ter exercido. Eu só desejo que eles sejam menos injustiçados nesse caminho.  Em 1582 começou a mudança para o calendário gregoriano. Em 1674 começaram os julgamentos das bruxas de Torsåker na Suécia, resultando no assassinato de 65 mulheres e 6 homens. Em 1793 a rainha Maria Antonieta foi julgada e condenada por traição. Em 1894 o capitão Alfred Dreyfuss foi preso e acusado de espionagem num dos casos de injustiça mais famosos da França e do mundo. Em 1917 Mata Hari foi executada por um pelotão de fuzilamento. Em 1924 André Breton publicou o Manifesto Surrealista. Em 1940 estreou O Grande Ditador, de Charlie Chaplin. Em 1951 aconteceu a síntese de noretindrona, o primeiro contraceptivo oral. Em 1993 Nelson Mandela recebe o Prêmio Nobel da Paz. Em 2017, com um twitter da atriz Alyssa Milano, começou o movimento #metoo. É dia de Santa Teresa de Ávila. Neste dia, nasceram: em 1844, Friedrich Nietzsche, em 1915 Antônio Houaiss, em 1922 Agustina Bessa-Luís. Em 1923 Italo Calvino, em 1926 Michel Foucault, em 1964 Denise Fraga.



Ontem o pregador de verdades dele
Falou outra vez comigo.
Falou do sofrimento das classes que trabalham
(Não do das pessoas que sofrem, que é afinal quem sofre).
Falou da injustiça de uns terem dinheiro,
E de outros terem fome, que não sei se é fome de comer,
Ou se é só fome da sobremesa alheia.
Falou de tudo quanto pudesse fazê-lo zangar-se.
Que feliz deve ser quem pode pensar na infelicidade dos outros!
Que estúpido se não sabe que a infelicidade dos outros é deles.
E não se cura de fora,
Porque sofrer não é ter falta de tinta
Ou o caixote não ter aros de ferro!
Haver injustiça é como haver morte.
Eu nunca daria um passo para alterar
Aquilo a que chamam a injustiça do mundo.
Mil passos que desse para isso
Eram só mil passos.
Aceito a injustiça como aceito uma pedra não ser redonda,
E um sobreiro não ter nascido pinheiro ou carvalho.
Cortei a laranja em duas, e as duas partes não podiam ficar iguais.
Para qual fui injusto — eu, que as vou comer a ambas?

♣️

Alberto Caeiro


Em 15 de outubro de 1985, de dentro da prisão, escreveu Nelson Mandela para a Universidade da África do Sul:

Estudante no 240-094-4 – 15.10.85

Secretário de Registro (Acadêmico) Universidade da África do Sul, Caixa Postal 392, Pretória 0001

Prezado senhor,

Sou obrigado a solicitar que me permita realizar os exames de outubro/novembro em cinco disciplinas em janeiro de 1986.

Minha intenção inicial era submeter-me a uma operação imediatamente depois de fazer os exames. Mas fui aconselhado, por motivos médicos, a fazer a cirurgia sem mais demora, conselho que aceitei.

Como regra geral, e provavelmente por razões de segurança, o Departamento de Prisões não informa um prisioneiro sobre a data exata em que uma cirurgia será realizada. Mas em 29 de setembro, depois de uma consulta à junta médica que conduzirá a operação, foi indicado que esta seria feita durante a semana iniciada em 7 de outubro. Suspendi então minha preparação para os exames na esperança de poder solicitar uma dispensa especial no devido tempo.

Mais tarde fui informado de que a operação tinha sido adiada para o fim deste mês ou início de novembro. Retomei então minha preparação para os exames, mas fui, ao mesmo tempo, submetido a uma série de exames médicos que afetaram minha concentração e interromperam meus estudos. [Por] essas razões, devo lhe solicitar que me permita fazer os exames em janeiro próximo.

Em anexo o senhor encontrará [um] atestado médico emitido pelo dr. Stoch, cirurgião distrital de Wynberg, em apoio à minha solicitação.

Atenciosamente,

[Assinado NRMandela]

Cartas da Prisão de Nelson Mandela – Editora Todavia


Justiça Divina

Hoje é Dia do Professor, esse profissional dos mais injustiçados de sempre. Vivemos em uma sociedade, em um país que não valoriza seus professores, etc… Na semana que passou vimos também estourar mais uma guerra, mais uma barbárie. Mais uma inominável difícil de compreender. Estamos todos exaustos. É a Justiça que não vem, para ninguém. Pode haver justiça num mundo tão destruído por todos os lados? O que significa obter justiça num nível pessoal enquanto o mundo se esfacela ao redor? São questões que a carta da semana traz.

Albert Camus escreveu no texto As Amendoeiras:

“Devemos recompor os pedaços daquilo que foi destroçado, tornar a justiça imaginável num mundo tão evidentemente injusto, a felicidade significativa para os povos envenenados pela infelicidade do século. Naturalmente é tarefa sobre-humana. Mas denominamos sobre-humanas as tarefas que os homens tardam muito tempo em realizar, eis tudo.

Essa é a lição da carta da semana. Por essa introdução, pode parecer que a Justiça é uma carta sugadora, daquelas negativas, mas não. A Justiça é das melhores cartas. Ela promete o que Camus prescreveu, ela promete a reconstrução da imaginação de Justiça. O mal nunca morre, como dizia Steinbeck, mas a Justiça promete que ele não vença. Injustiças temos de baciada, basta olharmos essa guerra horrível que recrudesceu por esses dias. Aí chega a Justiça, com a promessa na nossa vida de que teremos alguma trégua essa semana. No microcosmo. É até difícil crer nisto, em meio a tanta injustiça. Mas esse é justamente o tecido da vida: contradições sem fim.

Este tema vai aparecer nos próximos dias. Justiça, injustiça. Não existe a Justiça absoluta a não ser como conceito, o que não significa que não devemos persegui-la. É o nosso horizonte, nossa utopia, a Justiça. Talvez esta carta tenha saído hoje para nos lembrar de não parar a corrida rumo ao Justo. Estamos vivos e enquanto, a Justiça será o fim. Não é necessário elaborar muito filosoficamente o que significa a carta da Justiça no tarô, o significado dela é um dos mais claros, mais evidentes ao senso comum. Para a semana, estaremos face a face com a Justiça e seu negativo. Cometeremos ou sofreremos injustiças e justezas, mas o final que promete esse Arcano, ao menos no nível pessoal, é bastante justo. E atire a primeira pedra aquele que nunca foi réu.

Essa carta lembra a justiça de Xangô, cujo martelo tem duas lâminas e cinzela o justiçado e o justiçador; por isso se for pedir algo a esse Orixá, certifique-se de não ter feito nada errado, de não ter culpa nenhuma, senão você vai se ver em maus lençóis, pois a Justiça de Xangô é certeira e não tolera vitimismos e choramingos sem razão.

Afinal justo é o que não folga, justo é o que não aperta.

Sigamos a canção, boa semana.

A carta de tarô a justiça representa o equilíbrio, a imparcialidade, a objetividade e a verdade. Ela simboliza a necessidade de agir com ética, integridade e honestidade em todas as situações. A justiça também indica que toda ação tem uma consequência, e que devemos assumir as responsabilidades pelos nossos atos. Quando A Justiça aparece em uma leitura, pode indicar que você está diante de uma decisão importante, que requer uma análise cuidadosa e racional. Você deve pesar os prós e os contras de cada opção, e considerar as implicações de cada escolha. Tente (é, eu sei) se deixar levar por emoções, preconceitos ou influências externas. Busque a verdade e a justiça acima de tudo, como norte. Esse arcano também pode significar que você está passando por um período de avaliação, seja por si mesmo ou por outras pessoas. Você pode estar sendo julgado por suas ações, ou julgando alguém por suas atitudes. Nesse caso, é importante tentar ao máximo ser justo, imparcial e respeitoso. Reconheça seus erros, se houver, e corrija-os. Elogie seus acertos, e os dos outros. Não seja severo nem indulgente demais. Busque o equilíbrio e a harmonia. Essa carta também pode anunciar que você receberá o resultado de algo que iniciou no passado, seja bom ou ruim. Pode ser o desfecho de um processo judicial, um contrato, um projeto, um relacionamento ou qualquer outra situação que envolva questões legais, morais ou éticas. Seja qual for o resultado, ele será justo e adequado ao que você fez ou deixou de fazer. Aqui está entrando em vigor a lei do retorno, e é chegada a hora da colheita.

A lucidez de Susan

O medo cega as pessoas. E o medo as dispersa. A coragem inspira comunidades: a coragem de um exemplo — pois a coragem é tão contagiosa quanto o medo. Mas a coragem, certos tipos de coragem, também pode isolar o corajoso.

O destino eterno dos princípios: embora todos professem ter princípios, eles provavelmente serão sacrificados quando se tornarem inconvenientes. Em geral, um princípio moral é algo que nos coloca em divergência com um costume aceito. E essa divergência tem conseqüências, às vezes desagradáveis, quando a comunidade se vinga daqueles que desafiam as suas contradições — aqueles que querem que a sociedade de fato preserve os princípios que ela diz defender.

O critério de que uma sociedade devia de fato corporificar os próprios princípios que professa é utópico, no sentido de que princípios morais contradizem a maneira como as coisas são de fato — e sempre serão. As coisas — assim é e sempre será — não são todas más nem todas boas, mas deficientes, inconsistentes, inferiores. Os princípios nos convidam a fazer algo a respeito do pântano de contradições em que agimos moralmente. Os princípios nos convidam a ter mais rigor em nossas ações, ser intolerantes com a frouxidão moral, a contemporização, a covardia e com a fuga diante do que é perturbador: aquela pontada secreta no coração que nos diz que o que estamos fazendo não está certo e assim nos sugere que nos sentiremos melhor se não pensarmos no assunto.

A desculpa daqueles que são contrários aos princípios: “Estou fazendo o melhor que posso”. O melhor, dadas as circunstâncias, é claro.

Digamos que o princípio seja: é errado oprimir e humilhar um povo inteiro. Privá-lo sistematicamente de habitação e alimentação adequadas; destruir suas moradias, seus meios de vida, seu acesso à educação e aos serviços médicos, e a capacidade de se associar entre si.

Que tais práticas sejam erradas, qualquer que seja a provocação.

E há provocação. Isso também não deve ser negado.

No centro da nossa vida moral e da nossa imaginação moral encontram-se os grandes modelos de resistência: as grandes histórias daqueles que disseram não. Não, eu não vou fazer isso.

Que modelos, que histórias? Um mórmon pode resistir à proibição legal da poligamia. Um militante contrário à legalização do aborto pode resistir à lei que legalizou o aborto. Eles também irão apelar para as razões de uma religião (ou fé) e da moralidade contra as leis da sociedade civil. O apelo à existência de uma lei superior que nos autoriza a contestar as leis do Estado pode ser usado para justificar a transgressão criminosa, bem como a mais nobre luta pela justiça.

A coragem não tem valor moral em si mesma, pois a coragem não é, em si mesma, uma virtude moral. Canalhas sórdidos, assassinos, terroristas podem ser corajosos. Para definir a coragem como uma virtude, precisamos de um adjetivo: falamos de “coragem moral” — porque também existe uma coragem amoral.

E a resistência não tem valor em si mesma. É o conteúdo da resistência que determina o seu mérito, a sua necessidade moral.

Digamos: a resistência a uma guerra criminosa. Digamos: a resistência à ocupação e à anexação da terra de outro povo.

Mais uma vez: não existe nada intrinsecamente superior na resistência. Todos os nossos argumentos em favor da justificativa da resistência repousam na correção da tese de que os resistentes agem em nome da justiça. E a justiça da causa não depende da virtude daqueles que a defendem, nem é realçada por tal virtude. Depende exclusivamente da verdade da descrição de um estado de coisas que é, verdadeiramente, injusto e desnecessário.

Susan Sontag – Ao Mesmo Tempo – Companhia das Letras – Tradução de Rubens Figueiredo


A arte que tudo vê

Outro tema que é infinito: Justiça e injustiça. E me deu um excelente pretexto pra falar de coisas que amei, que são obras preferidas, da vida toda.

Livro

O Caso dos Nove Chineses – Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo. Apenas mais um caso do período que é por definição o da mais extrema injustiça. Um caso horrível, cheio das pataquadas que são quase de praxe numa ditadura militar, uma história pouco conhecida e devastadora. Se vamos pensar em injustiças, um caso da ditadura brasileira de 1964 serve também.


Na madrugada de 3 de abril de 1964, três dias após o golpe militar, policiais do Departamento de Ordem Política e Social invadiam, sem ordem judicial, um apartamento no bairro do Flamengo, no Rio, e capturavam um grupo de estrangeiros. As torturas começaram ali mesmo. Horas depois, os homens da polícia política entravam em outro prédio, no Catete, e detinham mais pessoas. No fim do dia, nove chineses estavam presos, identificados como agentes internacionais instalados no Brasil para disseminar a revolução comunista. Mas a verdade é que viviam legalmente no país. Dois eram jornalistas, quatro tinham vindo montar uma feira de produtos da China e os demais vieram comprar algodão. Tornaram-se vítimas da paranoia anticomunista da época, alimentada pelo governador Carlos Lacerda. Foram condenados a dez anos de prisão por subversão e, após mais de um ano detidos, acabaram expulsos do país. O Brasil nunca pediu desculpas nem devolveu o dinheiro apreendido com o grupo – um valor que hoje ultrapassa R$ 800 mil. Em seu país, eles se tornaram heróis nacionais e ficaram conhecidos como “Nove Estrelas” ou “Nove Corações Vermelhos voltados para a Pátria”. Brasil e China estabeleceram relações diplomáticas dez anos depois, em 1974, mas o incidente ficou esquecido em arquivos secretos. Em O caso dos nove chineses, os jornalistas Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo trazem à tona agora, cinquenta anos depois, história do primeiro escândalo internacional de violação dos direitos humanos da ditadura militar brasileira. Com base em documentos inéditos, entrevistas exclusivas, depoimento de um dos sobreviventes, e ampla pesquisa, os autores reconstituem um episódio marcante da nossa história recente.


Filme

Hurricane – 1999 – Norman Jewison. Penso nele porque, dentre tantos filmes que mostram injustiças, esse me atingiu no coração. Me lembro da emoção imensa que senti assistindo, quando saiu. Lembro de sofrer e me emocionar muito, lembro de ter ficado cativada pelo personagem de Denzel Washington, lembro de não acreditar que tanta injustiça fosse tão banal, tão desimportante para quem não era o réu. Eu adoro esse filme, a música do Bob Dylan ainda hoje às vezes me pega e eu acabo entrando em um mega hiperfoco com ela, para desespero do meu povo.


O filme “Hurricane” de 1999, dirigido por Norman Jewison retrata a história real de Rubin “Hurricane” Carter, um boxeador que foi condenado injustamente pelo assassinato de três pessoas em Nova Jersey, na década de 60. O filme é estrelado por Denzel Washington, que interpreta Carter e mais um grande elenco. A trama é baseada no livro “Lazarus and the Hurricane”, escrito por Sam Chaiton e Terry Swinton. A história começa com a prisão de Carter e sua luta para provar sua inocência. O filme retrata a vida de Carter antes de sua prisão, quando ele era um boxeador promissor, e também mostra sua vida na prisão e suas tentativas de apelar sua condenação. “Hurricane” é um filme emocionante que não só retrata a luta de um homem para provar sua inocência, mas também destaca questões sociais importantes, como o racismo e a injustiça no sistema judicial. A atuação de Denzel Washington é excepcional e ele consegue transmitir perfeitamente as emoções e os sentimentos de Carter. A trilha sonora do filme é excelente, com músicas de Bob Dylan, que também lutou pela libertação de Carter.


Podcast/Série/Livro

O Caso Evandro

O Caso Evandro é tão incrível que ficção nenhuma seria capaz de ser tão impactante. Recomendo nos mais enfáticos termos que ouçam o podcast. É uma história tão brasileira. Tudo que nos constitui, toda nossa tragédia está ali. Nossas vísceras estão expostas nesse caso. A investigação desse triste episódio é tão bizarra e tão plausível ao mesmo tempo. O Caso Evandro equivale a 3 faculdades de Sociologia e Pensamento Social Brasileiro. O Brasil inteiro está lá. Tudo que nos faz como povo, desde o começo está nesse caso. É história de uma injustiça imensa, inacreditável. Nele é possível ver como nossos preconceitos e defeitos como sociedade condenaram sete pessoas inocentes ao inferno. O podcast é longo, requer atenção, mas vale à pena demais, demais. Você sai dele outra pessoa. Eu nunca vou ter palavras para expressar o que esse podcast causou em mim. E tive o privilégio de ter as amigas mais queridas ouvindo junto e conversando junto sobre ele. Se você acha que não tem tempo, veja a série, que é bem menor, mas dá uma ideia. Leia o livro também. Tudo que diz respeito ao magnífico trabalho que o Ivan Mizanzuk fez nesse caso vale muito à pena. Ouça o podcast aqui. A série é da Globoplay, o livro está em catálogo ainda. 

Se você era criança no Paraná em 1992, você tinha medo das “Bruxas de Guaratuba”.

No dia 06 de Abril de 1992, na cidade de Guaratuba, no litoral do Paraná, o menino Evandro Ramos Caetano, de apenas 6 anos de idade, desapareceu. Poucos dias depois, seu corpo foi encontrado sem as mãos, cabelos e vísceras. A suspeita: foi sacrificado num ritual satânico. Essa morte acabou por aumentar o medo de pais por todo o estado do Paraná, que enfrentava naquele momento um surto de crianças desaparecidas. Teriam seus filhos sofrido o mesmo destino trágico de Evandro? Em Julho de 1992, sete pessoas são presas em Guaratuba, e confessam que usaram o menino em um ritual macabro. Mas o caso estava longe de ser encerrado – assim como a culpa daquelas pessoas estava longe de ser devidamente esclarecida. O Caso Evandro, popularmente conhecido no Paraná como As Bruxas de Guaratuba, é o tema da 4ª temporada do Projeto Humanos. Seu lançamento se dá em partes, o primeiro episódio estreou no dia 31 de Outubro de 2018.


Documentário

O Processo – Maria Augusta Ramos – 2018. O maior caso de injustiça da nossa história recente. O mais grave, aquele que vai impactar vidas humanas por muitos e muitos anos ainda. Um processo que levaremos décadas para conseguir remediar o que causou neste pobre país. Indico também para verem a majestade de Dilma. A elegância, a fibra e a coragem com que ela enfrentou aquela corja suja, podre, nojenta que a derrubou. Ainda bem que pessoalmente ela deu a volta por cima, com toda sua honestidade, honra, e altivez. Já o país levará muitos anos para se recuperar, se acontecer. Assistam, assistam. Só assistam.


Em cerca de 450 horas de material filmado, Maria Augusta Ramos acompanhou o processo que culminou no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Concentrada em sua defesa, formada por José Eduardo Cardozo, Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, a diretora faz um estudo particular dos bastidores desse momento histórico, ao longo de reuniões e discussões no Senado Federal, mas também por meio das expressões de seus protagonistas e dos defensores do impeachment. “O Processo”, de Maria Augusta Ramos, venceu o prêmio de melhor longa-metragem internacional no Festival Documenta Madri, na Espanha, levou o Prêmio Silvestre e o Prêmio do Público de melhor longa-metragem no Festival Indie Lisboa, em Portugal, e conquistou o de Melhor Longa Metragem na Competição Internacional do Festival Internacional de Documentários Visions du Reel em Nyon, na Suíça. O longa, que estreou mundialmente em fevereiro, no Festival de Berlim e foi escolhido pelo público como o terceiro melhor documentário da mostra Panorama, retrata o processo que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 31 de agosto de 2016.


As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei.

Carlos Drummond de Andrade

Post com a colaboração de @laismeralda, que é a melhor cartomante do pedaço, marque sua consulta com ela.


15 de outubro é o 288.º dia do ano no calendário gregoriano (289.º em anos bissextos). Faltam 77 dias para acabar o ano.


Se você leu até aqui, obrigada! Esse é o meu almanaque particular. Um pedaço do meu diário, da minha arca da velha, um registro de pequenas efemérides, de coisas que quero guardar, do tempo, do vento, do céu e do cheiro da chuva. Os Vestígios do Dia, meus dias. Aqui só tem referências, pois é disso que sou feita.

© Nalua – Caderninho pessoal, bauzinho de trapos coloridos, nos morros de Minas Gerais. Primavera infernal.
Esta é a 31ª de 78 páginas que terá este almanaque.